Primeiramente, transformo a pergunta do título em outros dois questionamentos: Há, de fato, garantias nas relações amorosas? Amar mais o outro faz também com que sejamos mais amados?
Nas relações, de uma maneira geral, sempre podemos ser mais bondosos, mais gentis, mais honestos, mais corajosos, mais pacientes, mais empáticos, mais receptivos e, claro, mais amorosos. Por vezes, diante de alguma decepção ou após vivenciar uma relação problemática e/ou traumática podemos até tentar ser autossuficientes, ser felizes sozinhos. Embora tente, depois de um tempo surge a sensação de vazio, de anestesia, muitas vezes acompanhada pela raiva e vontade de vingança.
Em contraponto a essa autossuficiência, o filósofo Aristóteles afirmou que, por natureza, o homem é um ser carente e é nas relações com o outro que ele se sente pleno e feliz. Pessoalmente, concordo com essa afirmação com uma ressalva: para alcançar essa plenitude é preciso manter relações emocionais positivas, rodear-se de pessoas que agreguem significados à nossa vida e que nos façam e nos queiram bem.
Os conflitos nos relacionamentos existem e sempre vão acontecer, pois, cada pessoa tem suas crenças, suas convicções, seu temperamento, sua individualidade. Seja amizade, namoro, família, relacionar-se não é uma tarefa fácil, requer bom senso e equilíbrio.
Há pessoas que apresentam sensibilidade emocional maior, como é o caso de pessoas com depressão. Elas podem desenvolver o que se chama de dor social, que é o sentimento de se sentir rejeitado e excluído de um grupo. Às vezes, um comentário a seu respeito pode levar a uma mágoa, o que pode causar um afastamento daquela pessoa e, consequentemente, ao isolamento.
Os neurocientistas, através de experimentos cerebrais, chegaram à conclusão de que a dor social ativa as mesmas áreas do cérebro que a dor física, e, portanto, não pode ser menosprezada. Sentir-se rejeitado é equivalente a quebrar um membro do corpo ou levar um soco.
No entanto, isso não significa que aquele indivíduo que fez o comentário desagradável deve ser culpado ou sentir-se culpado. Entenda que a condição de saúde de uma pessoa com depressão deve ser validada e essa pessoa precisa se fortalecer para lidar com esse tipo de situação. Afinal, o mundo não vai mudar para se adaptar a esse momento temporário da sua vida.
Por fim, respondendo aos questionamentos iniciais. A resposta é que não temos garantias nas relações interpessoais, amar alguém vai depender muito mais de você mesmo do que do outro, o retorno do quanto você se doa nas relações não é proporcional e também não vai corresponder à sua idealização e expectativa.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
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