O martírio de Lindalva aconteceu no ano de 1993, em uma Sexta-feira Santa, enquanto ela servia café a idosos.
O dia era 20 de outubro, o ano 1953. No povoado Sítio Malhada de Baixo, na cidade de Assú/RN, nascia Lindalva Justo de Oliveira. Sexta filha de uma família formada por 14 irmãos, que 54 anos depois se tornaria Beata Lindalva.

Assassinada aos 39 anos de idade, enquanto servia café a idosos, durante um dos seus atos de solidariedade, a história de Lindalva serve de inspiração para diversos moradores da cidade. Há hoje no município, inclusive, uma Organização não governamental (ONG) que leva o nome da Beata.
Maria Lúcia da Fé, Mãe de Lindalva.
Maria Lúcia da Fé, Mãe de Lindalva.
Foto: Arquivo da família.
Beata Lindalva.
Beata Lindalva.
Foto: Arquivo da família.
O martírio de Lindalva aconteceu no dia 9 de abril de 1993. De acordo com a família, o dia era uma sexta-feira Santa, e a Irmã havia participado da Via-Sacra. Depois, ela voltou a um abrigo para servir café aos idosos. Quando estava atrás de um balcão, onde ficavam os alimentos, foi surpreendida com um toque nas costas. Ao virar, recebeu uma facada na clavícula esquerda e mesmo já caída, continuou sendo perfurada.

Ao todo foram 44 facas. O assassino permaneceu no local esperando que a polícia chegasse. No depoimento, declarou que havia cometido o crime porque a Irmã Lindalva nunca cedeu aos seus desejos.

“Lindalva era e sempre foi, desde de pequenina, calma e serena. Era de poucas palavras, mas sorridente. Não gostava de externar o que sentia e a convivência com ela era normal entre tantos irmãos”, contou Veridiano Justo, irmão da Beata, ao TCM Notícia.
Palavras de Irmã Lindalva ao lado da sua imagem.
Palavras de Irmã Lindalva ao lado da sua imagem.
Foto: Arquivo da família.
O assassino de Lindalva foi Augusto da Silva Peixoto. Ele a conheceu quando começou a receber ajuda alimentícia onde a irmã trabalhava. Augusto apaixonou-se por ela, mas a irmã sempre deixou claro que não poderia corresponder aos sentimentos do homem.

A Beatificação de Irmã Lindalva aconteceu no dia 2 de dezembro de 2007. A cerimônia foi presidida pelo então Arcebispo de Salvador, Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo. Segundo a Igreja Católica mais de 25 mil fiéis participaram do momento, além dos irmãos e da mãe da bem-aventurada.
“Com mãe, aprendeu a cuidar de crianças, ajudar os mais pobres e realizar as tarefas da casa sem deixar de lado os estudos. Lindalva foi batizada em 7 de janeiro de 1954 e recebeu a primeira eucaristia aos 12 anos”, informou Veridiano Justo.
A Mãe da Beata, Maria Lúcia da Fé, é viva e atualmente está com mais de 100 anos de idade. Dos irmãos e irmãs de Lindalva, 5 permanecem em Assú nos dias atuais. Os outros moraram em Minas Gerais, São Paulo e Natal 5. Dos 14 irmãos, 3 já estão falecidos.

Veridiano Justo é um dos que permanecem em Assú, com 65 anos de idade, ele não só lembra a história da irmã como segue seus passos. Se dedica ajudar na confecção de fraldas que são doadas a idosos carentes. As fraudas são produzidas na Associação Beneficente Irmã Lindalva (ABIL), fundada em 2009. Uma ideia que surgiu do exemplo da Beata.

“A Associação nasceu a partir de uma ideia de um grupo de amigos (...) e essa ideia foi também baseado num desejo, digamos assim, da mãe de Irmã Lindalva. Dona Lúcia imaginava que Assú tivesse uma instituição, alguma coisa que fizesse um trabalho baseado no que a filha dela fez”, contou Maria da Graças, Presidente atual da Associação.


O dia da Beata Lindalva é comemorado em 7 de janeiro, data em que ela foi batizada. Por conta do seu martírio, não foi necessária a comprovação dos três milagres para que se tornasse beata. Porém, para a canonização, é necessária a comprovação de um milagre que tenha acontecido após a beatificação. No caso da beata Lindalva, já existe um episódio sendo analisado pelo Vaticano.