Os dados mais detalhados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, revela que o Rio Grande do Norte segue uma tendência nacional de alta na oferta de vagas de emprego formal, mas também segue um padrão: são empregos de baixa instrução e consequentemente de baixa remuneração.
O economista e professor da UERN, Manoel Márcio Nunes afirma que isso é um fenômenos que tem sido observado nos últimos meses. “Muita gente está comemorando como se fosse uma retomada da economia, uma forma como a economia criar tração…se fala apenas na redução do número, baixando para um dígito o desemprego. [] Mas quando se tenta reagir de uma crise e estagnação como foi a gente está vivendo ainda, a lógica é justamente esta: ir reincluindo indivíduos de mais baixa qualificação e em oportunidades de emprego que tenham baixa remuneração.”
No mês de junho, o Estado teve 29.876 movimentações entre contratações e demissões. A profissão que mais demitiu no mês foi a de vendedor de comercio varejista – 890 vendedores perderam o emprego. A que mais contratou no mesmo período foi a função de servente de pedreiro. Foram 1.273 trabalhadores contratados. O que preocupa não é a função, mas o quanto estes trabalhadores recebem no fim do mês.
“Não a toa, que mesmo festejando a diminuição do desemprego, o nível de renda do brasileiro continua extremamente baixo.”, analisou o economista Emanoel Nunes.
A média salarial das três profissões que mais contrataram foi bem parecida e mal passam de um salário mínimo. Quem entrou no mercado agora nas funções de servente de de obras, vendedor de comercio e faxineiro receberam em média R$ 1.236,32. A primeira função que descola um pouco do salário mínimo no RN foi a de caminhoneiro que assinou a carteira em junho com média de R$ 2.069,36.
A remuneração do trabalhador depende diretamente da qualidade dos empregos gerados. A cidade de São Bento do Norte teve uma das maiores médias de ganho do estado em junho entre as vagas geradas – o foco das contratações foi o movimento das eólicas. Teve vaga de montador, técnico de segurança no trabalho, operador de escavadeira, entre outras funções mais técnicas.
Os desafios da desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres continuam ainda fortes. Os homens foram os mais contratados, e os em média recebem mais que as mulheres. Elas representaram apenas 31% das novas vagas criadas – mas foram a maioria na condição de contratadas como regime parcial, que tem menores salários e geram horas obsoletas.
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