O estudo revela que trabalhadores rurais de empresas de fruticultura não recebem renda suficiente para se manter durante todo o ano. Funcionários do melão, manga e uva aqui do Rio Grande do Norte, da Bahia e Pernambuco recebem em média apenas 56% do que é considerado um salário digno pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O valor se aproxima de um salário mínimo, no entanto, como os contratos são apenas para o período de safra, esses trabalhadores só recebem pagamentos durante alguns meses do ano. O levantamento é feito pela Oxfam Brasil, organização internacional que atua contra as desigualdades econômicas.
“Os salários médios praticados no campo são muito baixos, eles são próximos ao mínimo, no mínimo, muitas vezes. E a gente tem que considerar que boa parte dos trabalhadores no campo não trabalham o ano inteiro. Então a renda no ano desses trabalhadores fica muito baixa. […] Quando você olha o ano como um todo, a renda daquele trabalhador acaba deixando o trabalhador rural entre os mais pobres do Brasil,” explica Gustavo Ferroni, Coordenador de Setor Privado e Direitos Humanos da Oxfam.
A metodologia do cálculo propõe que se estime os gastos das famílias com base nos custos com comida nutritiva, moradia decente, outras necessidades essenciais e uma pequena quantia para emergências. Os custos são divididos pelo número médio de trabalhadores em período integral em uma típica família da região, em média quatro pessoas.
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Para José Saldanha, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Assalariadas do Estado do Rio Grande do Norte (FETRAERN), as diferenças nas condições de emprego de trabalhadores do campo e da cidade são muitas e vão além do salário. “Você vai para o comércio tem benefícios. O salário é bem melhor. Na maioria das vezes está em um local que não é muito sujeito ao sol, você não vai trabalhar com encarregado no seu pé, porque trabalhar na fruticultura é triste. (…) O trabalhador da cidade, por mais ruim que seja o emprego, pode ter certeza que é melhor do que o trabalhador rural”, afirma Saldanha.
Ouça esse trecho da entrevista:
Já quando se dedicam a própria produção, os agricultores encontram uma situação que também não é fácil. Faltam projetos, linhas de crédito acessíveis e até mesmo assistência técnica. Em Mossoró/RN, uma iniciativa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) pretende mapear a situação da agricultura familiar. O estudo pode se tornar base para ações governamentais.
Saiba mais aqui: UFERSA faz mapa da agricultura familiar de Mossoró
O que é a Oxfam?
A Oxfam Brasil faz parte da confederação Oxfam, composta por 20 organizações que atuam em 94 países. No Brasil, atua no trabalho contra desigualdades econômicas, principalmente as que afetam jovens, mulheres e negros e negras. O salário considerado digno se baseia no cálculo sugerido pela OIT, agência das Nações Unidas que busca promover oportunidades de acesso a trabalho decente e produtivo. O estudo feito pela Oxfam, “Frutas Doces Vidas Amargas: A história dos trabalhadores por trás das frutas que comemos”, pode ser acessado aqui.
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