As mudanças climáticas e a poluição colocaram em risco de extinção diversas espécies pelo mundo. E a situação não é diferente aqui no nosso estado. O Rio Grande do Norte tem uma vasta fauna, em biomas como a Mata Atlântica, o marinho e a caatinga, mas algumas espécies estão cada vez mais difíceis de serem vistas.
Três delas entraram no radar do Ministério do Meio Ambiente nos últimos anos: dois peixes e uma tartaruga. Um dos que mais chamam atenção é o tubarão-mako uma espécie altamente migratória, e ameaçada pela atividade humana. O tubarão precisa de um ecossistema marinho conservado.
O tubarão-mako tem outra curiosidade, é considerado o peixe mais rápido do mundo. Para piorar, o animal tem um alto valor de mercado. Esta espécie também é conhecida pelo país como Tubarão Mako Cavala ou anequim.
As outras duas espécies com alto risco estão no mar. É a tartaruga-de-couro e o peixe Mero. O peixe Mero é extremamente dócil, e pertencente à família dos serranídeos. Ele pode chegar a pesar entre 250 kg a 400 kg e medir até 3 metros – o que também faz com que ele tenha um alto valor de mercado.
A reprodução desta espécie complica muito a situação de preservação, como explica o professor Flávio Lima, Coordenador Geral do Projeto Cetáceos: “O Mero tem uma fragilidade muito grande. Os adultos vivem no mar, mas os jovens ocupam áreas de manguezal. A fêmea vem desovar nos mangues. Com o avanço das atividades humanas – degradando os mangues – faz com que tenhamos este declínio”.
As tartarugas-de-couro são animais resistentes e longevos. Vale lembra que as tartarugas-marinhas existem há mais de 150 milhões de anos. Elas resistiram às extinções em massa durante milhões de ano na Terra, mas ainda vão encontrar lugar no nosso litoral para sobreviver?
“A tartaruga-de-couro é extremamente ameaçada. É um animal de grande deslocamento migratório – elas desovam no Piauí e no Espírito Santo, mas usam nossa costa para alimentação”, disse Flávio Lima.
O Peixe-Boi Marinho em perigo
Um animal da lista considerado em perigo e que tem tudo a ver com o nosso litoral é o peixe-boi marinho. O Rio Grande do Norte é o estado do país em que mais há encalhe de animais. A situação é tão preocupante que a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte lançou um projeto de resgate e recuperação desta espécie.
“O peixe-boi ele se encontra numa condição muito crítica. A população sofreu uma caça violenta por décadas. Só nos últimos 40 anos é que estamos vendo um repovoamento com políticas de proteção. O nosso estado tem destaque especial – tem o maior número de encalhe de filhotes de peixe-boi no Brasil. Por isso criamos um programa de resgate e recuperação de peixe-boi”.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, na comunidade de Diogo Lopes, em Macau/RN foi o palco para a soltura de dois peixes-boi só este ano. O local é uma área de 690m², em ambiente natural para adaptação dos animais às marés, correntes marinhas, salinidade e temperatura das águas, antes do retorno à natureza.
“Este ano já soltamos para a natureza dois peixes-boi: o Gabriel e a Rosa”, lembrou o orgulhoso professor Flávio Lima.
Espécies bem potiguares
A plataforma tem informações sobre espécies de todo o país, e identificou que 652 espécies são encontradas no Rio Grande do Norte. Mas muitas vezes são aquelas encontradas por todo o bioma ou em todo o país. Mas segundo os dados, 64 espécies são bem associadas ao nosso estado. Alguns de nomes curiosos como a ‘esponja perfurante enigmática’.
A plataforma ‘Salve’
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou esta semana, a plataforma Salve, que reúne informações do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira.
No lançamento, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que a plataforma servirá como importante ferramenta de consulta dos técnicos do Ibama e pesquisadores do país.
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