Antigamente, crianças mais agitadas, briguentas ou distraídas eram estigmatizadas como “difíceis”, “impossíveis”. Hoje, devido aos avanços nos estudos científicos, crianças com esses comportamentos podem ser diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Esse distúrbio do neurodesenvolvimento se caracteriza pela desatenção, hiperatividade e impulsividade e há três tipos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e combinado.
Outros distúrbios do neurodesenvolvimento são o Transtorno do Espectro Autista (TEA); os distúrbios de aprendizagem como a dislexia, disgrafia, discalculia; a Deficiência Intelectual (DI). Ainda não se sabe ao certo as causas desses distúrbios, porém sabe-se que incluem fatores genéticos, bioquímicos, sensório-motores, fisiológicos e comportamentais.
Com a disseminação na mídia, o TDAH virou palavra de moda e com isso, surgiram também discussões polêmicas, como a patologização e medicalização da infância, o excesso de diagnósticos para favorecer a indústria farmacêutica, a relação entre o consumo de telas e o TDAH, entre outras.
O fato é que essas más informações só têm uma consequência: prejudicam quem tem o TDAH. A própria pessoa com transtorno e as outras do seu convívio precisam de informações corretas para que se possa proporcionar uma vida normal mitigando os prejuízos decorrentes do déficit.
Geralmente, o diagnóstico é realizado na infância, após os 4 anos de idade, logo que a criança entra na escola. A investigação é multidisciplinar, ou seja, a pessoa vai passar por profissionais de diversas áreas, como neurologia, psiquiatria, nutrição, fonoaudiologia, psicopedagogia, neuropsicologia, dentre outras.
Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado melhor, afinal, com o laudo, a escola consegue realizar atividades adaptadas para a realidade individualizada do aluno. Para os pais é um alívio saber que a agitação do/a filho/a não era proveniente de falta de educação, mas que há uma explicação plausível para o comportamento da criança.
Pesquisas científicas apontam consequências graves na vida cotidiana de pessoas com TDAH. Em crianças há maior chance de acidentes domésticos, as adolescentes podem ter maior incidência de gravidez indesejada, em crianças e adolescentes há prejuízos escolares, com maior chance de reprovar e largar os estudos; já nos adultos há maior chance de acidentes automobilísticos, prejuízos no trabalho e nos relacionamentos.
Por ser um transtorno do neurodesenvolvimento, o TDAH não tem cura, porém isso não significa uma limitação ou prejuízos para sempre. A Psicologia acredita em técnicas de manejo, onde através da psicoterapia de base comportamental, é possível ensinar a pessoa com TDAH a lidar melhor com seus sintomas, auxiliando-as a superar as suas dificuldades.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
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