“A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.”
Carlos Drummond de Andrade
Inicio este texto com essa citação de Drummond, trazendo à tona uma temática amplamente defendida na Psicologia: a legitimidade dos sentimentos. As emoções não surgem à toa, elas aparecem por um motivo. Embora lá na infância escuta-se muito “Menina, engole o choro”, “Que bobagem! Pra que você está chorando?”, “Não sei porque você está chateada, foi você mesma que provocou isso”, “Deixa de ser fraco! Garotos não choram”.
Aprendemos e crescemos que o certo é esconder o que sentimos, guardar dentro da gente a sete chaves e não falar pra ninguém. Erroneamente, acredita-se que ao fazer isso mostramos força, resistência e superação. A verdade é que guardar aquilo que nos faz mal, a longo prazo, não nos fortalece, muito pelo contrário, deixa-nos ainda mais fragilizados, a angústia vai corroendo por dentro até ficarmos em frangalhos.
Na abordagem psicológica Cognitiva-Comportamental, conhecer e compreender as próprias emoções é ponto de partida para iniciar o processo de psicoterapia, pois o cerne da demanda está encoberto por elas. O passo seguinte é associar o sentimento ao pensamento, identificando-o e questionando-o.
Quando estamos tristes, por exemplo, podem surgir pensamentos do tipo “Não tenho ninguém por mim”, “Sou incapaz de mudar”. O quanto esse pensamento é absolutamente verdadeiro? Esse é um pensamento que me ajuda? Quais prejuízos esse pensamento tem me trazido? É preciso treinar a flexibilidade do pensamento, tentando ser mais racional e menos emocional.
As emoções e os sentimentos podem ser manejados de maneira mais adequada e funcional, mitigando o sofrimento provocado por eles. Compreendê-los e aceitá-los ajuda a enfrentar os problemas de forma mais assertiva. É possível encontrar forças para enfrentar um problema mesmo estando com medo. É possível ter esperança mesmo diante de um desafio. Seja gentil consigo mesmo.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
@leilaneandpsicologa