De origem dos bailes populares realizados no final do século XIX no nordeste, o forró nasce de influências indígenas, da mistura de elementos africanos, como o xote, xaxado e baião. Além de referências europeias, em especial a polca e a quadrilha.
As primeiras manifestações do forró foram marcadas por danças animadas, realizadas em chão batido, dando origem ao famoso arrasta-pé. Logo, a vida cotidiana das comunidades que tinham o ritmo musical como expressão cultural da época foram se expandindo e ganhando o gosto dos forrozeiros.
Em 1950, Luiz Gonzaga, o rei do baião, popularizou o termo forró através da canção “Forró de Mané Vito” em composição conjunta com Zé Dantas. Mas o termo ganhou referência abrasileirada somente a partir das migrações nordestinas nas décadas de 1960 e 1970.
Há quem diga que forró é apenas um ritmo musical, mas, para muitos, é a história de um povo que encontrou no arranjo que mistura sanfona, triângulo e zabumba uma verdadeira forma de ressaltar as raízes do povo nordestino.
Nas vozes de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Sivuca, o ritmo musical ganhou autenticidade e faz parte da cultura do Brasil.
Em 7 de novembro de 2023, o forró foi reconhecido como manifestação da cultura nacional, por meio de projeto de lei sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o projeto de autoria do deputado Zé Neto (PT-BA), “o forró é um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros. Nascido a partir da mistura de ritmos tradicionais da Região Nordeste como baião, xaxado, coco, arrasta-pé e xote, existe e resiste há cerca de sete décadas, sobrevivendo aos modismos e levando a alegria da cultura nordestina a todo o País”, destaca a justificativa do texto.
A força do forró atravessa gerações. Para o cantor e compositor potiguar Severo Ricardo, o estilo musical é uma manifestação legítima da cultura nordestina. “O forró vem da representatividade, enquanto nordestino a gente tem o forró como principal trilha sonora”, frisa.
O cantor potiguar diz que começou a ouvir forró desde criança, na sua cidade natal, em Olho D’água dos Borges. Conhecida por exportar sanfoneiros e cantores, o município de quatro mil habitantes revelou para o Brasil nomes como Dorgival Dantas, Giannini Alencar, Valdecio do Acordeon e a Banda Saia Rodada.
O cantor, que tem 17 anos de carreira, relembra que subiu ao palco do Chuva de Bala em 2008. De lá para cá, o forró se tornou o divisor de águas na sua vida. “É uma forma de subsistência, porque hoje eu vivo do que eu toco”, diz.
Severo Ricardo frisa o amor pelo forró e destaca cantores mossoroenses que fizeram história no cenário nacional como, por exemplo, o Trio Mossoró formado em 1950 por Hermelinda Batista, Oséas Lopes e João Mossoró – emplacaram sucessos como “Forró do Velho Inácio”, “Porque Deixei Meu Sertão” e“Xaxado de Mossoró”. O grupo, ao longo da carreira, gravou dez LPs, entre eles, “Trinta dias de forró” e “Forró do mexe mexe”.
O potiguar que hoje canta em cidades do nordeste comenta que o forró tem suas raízes que significam representatividade nordestina e negra. “O que me impulsiona é principalmente a representatividade negra. Luiz Gonzaga era negro, Domiguinhos também, então a gente tem a cultura negra e nordestina efetivada no forró. Nos meus shows eu levanto essas duas bandeiras”, comenta o cantor.
O forró, que ultrapassa gerações e sobrevive ao modismo, há sete décadas emplaca sucesso e arrasta multidões. O ritmo musical é uma forma de resistência e ressalta a importância do agricultor, do sertanejo e do povo que vive na região Nordeste.
Com informações retiradas dos sites: Toda Matéria e Dicionário MPB.
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