Por Alexandre Fonseca
É inegável que o ciclismo vem ganhando mais adeptos desde o período pandêmico.
A modalidade esportiva garante não só um aquecimento no mercado das bikes, como também gera interação social e desperta o entusiasmo das pessoas por uma vida saudável.
Hércules Romão, ciclista desde os oito anos de idade, é bem específico quando descreve o que significa o pedal em sua vida. “Eu busco por saúde, tanto física quanto mental. Pedalar vai de encontro com meu desejo de me afastar da realidade em que o mundo está. Tanta violência, tantas dificuldades que a gente enfrenta. Significa desopilar, me exercitar, me superar, vencer medos, me descobrir, ficar mais tranquilo”, relata.
Já Lindomar Carlos pedala desde 2020; atribui a modalidade a muitas mudanças em sua vida. “Sou apaixonado pela bike. Costumo dizer que essa paixão nos move, nos transforma. Há três anos, quando iniciei, pesava 100 quilos, uma vida sedentária. Hoje me sinto bem, estou mais magro, me alimentando melhor, vou dormir melhor. Os meus treinos são terapias. Muitos ganhos pra minha saúde”, disse.
OS GRUPOS DE CICLISMO DE MOSSORÓ E OS GRANDES DESAFIOS
Em Mossoró, existem diversos grupos de ciclistas – um deles é titulado como “Amigos da Bike”, do qual Hércules e Lindomar fazem parte. O grupo realizou em novembro deste ano o 5º Desafio Mossoró/RN – Fortaleza/CE. A atividade consiste em pedalar 240 quilômetros, saindo à noite da cidade mossoroense com destino final à Praia do Futuro, localizada na capital cearense. Percurso considerado bom com 70% da estrada duplicada e executado nas áreas litorâneas que comportam os dois estados.
“A ideia de fazer o desafio surgiu a partir dos próprios ciclistas que fazem parte do grupo. A gente passa o ano todo treinando com a proposta de sair da rotina, dos pedais do dia a dia, pra enfrentar um longo percurso”, conta Diêgo Silva, um dos organizadores da iniciativa.
“Dois, três meses antes do desafio, a gente começa a realizar treinos de preparação. Treinos intensos com bastante altimetria que exigem mais esforço físico do ciclista”, detalha Lindomar que é apodiense e veio a Mossoró exclusivamente com o objetivo de cumprir a atividade com o grupo, pelo segundo ano consecutivo.
O TRAJETO
A equipe saiu do Teatro Municipal Dix-Huit Rosado às 19h do sábado, no dia 11 de novembro de 2023. No caminho contemplaram a Comunidade Maísa, na BR-304, até parte de Aracati/CE, quando mudaram para a CE-040. No percurso visitaram cidades como Fortim, Beberibe e Aquiraz, acessando, em seguida, a Rodovia Deputado Joaquim Noronha Mota, passando pelo Parque Natural Municipal das Dunas da Sabiaguaba, chegando no destino final: a Praia do Futuro.
Um desafio que é preciso vencer muitos obstáculos – sejam eles físicos ou mentais. É necessário trabalhar a fadiga, não deixar o sono dominar o corpo e ainda lidar com as adversidades da natureza como o sol, frio ou ventos fortes. Para Diêgo, o fluxo intenso de veículos na BR-304 também dificulta o trajeto até Fortaleza. A estrutura da estrada atrapalha o pedal que inicia uma hora após o sol se por.
“Considero como maior obstáculo a distância. Uma distância de quase 250 quilômetros pra percorrer de bicicleta são quase 10 horas pedalando. Ainda tem a questão dos motoristas que passam muito próximo dos ciclistas. Durante o desafio, sentimos dores, cansaço, porém é algo que nos transforma em versões melhores de nós mesmos pelo companheirismo, pela amizade, por conhecer novas pessoas no trajeto”, descreve Lindomar.
“É um pedal noturno a favor do vento. Em alguns trechos a gente precisa prestar muita atenção. De Mossoró até a divisa do estado, o percurso é bem tranquilo, mas após a divisa o acostamento é um pouco estreito, cheio de ondulações, asfalto irregular, com falhas, pedregulhos e se torna mais puxado para o ciclista, pelo menos até Aracati”, explica Hércules.
“Após Aracati, o pedal fica melhor, pois a duplicação da rodovia facilita nosso trajeto com um acostamento mais largo. Fazemos algumas paradas para hidratação e manutenção”, completa.
SUPERAÇÃO E INCLUSÃO NO CICLISMO
Ao todo, 20 ciclistas fizeram parte do desafio e mostraram sua força, retornando para Mossoró no dia seguinte após cumprir a meta dos 240 quilômetros pedalados. Semanas anteriores, outros grupos de amantes por bike também realizaram o mesmo percurso, garantindo a inclusão de mais interessados no esporte.
A modalidade cresce não só em número de pessoas, cresce no poder de transformação citado pelos personagens e pela diversidade, já que possui gente de todos os tipos de corpos físicos, de cor e gênero – e tem aumentando cada vez mais a paixão dos ciclistas pelos pedais como aconteceu com Lindomar.
“É um pedal muito gratificante, é mágico no sentido de superação. É um incentivo até para outros na prática de esportes. A gente sai de Mossoró no sábado, volta no domingo, mas com muita resenha, com muita alegria”, revela Lindomar. “Sendo ciclista, eu vivo a minha vida com mais liberdade”, acrescenta Diêgo.
A gente torce para que essa sensação de liberdade e das outras sensações que citamos durante a reportagem sejam capazes de nortear a entrada de muito mais ciclistas pelas ruas de Mossoró, de Fortaleza e de milhares de outros lugares.
Você precisa fazer login para comentar.