Vamos aos devaneios dessa semana.
Dia desses conversava com um amigo no trabalho sobre o autor português Valter Hugo Mãe e como suas obras são profundas e tocantes. Falávamos sobre o livro “O filho de mil homens”. Dessa publicação trago o recorte que discutíamos e que gostaria de compartilhar com meus queridos leitores.
Esse trecho eu batizei de “banquete da felicidade”. Já vivi dias assim. São sublimes. Inesquecíveis.
(…) Estavam à mesa carregados de passado, mas alguém fora capaz de tornar o presente num momento intenso que nenhum dos convidados quereria perder. Naquele instante, nenhum dos convidados quereria ser outra pessoa. O Crisóstomo pensava nisso, em como acontece a qualquer um, num certo instante, não querer trocar de lugar com rei ou rainha nenhuns de reino nenhum do planeta (…)
Por longos e demorados dias (em diferentes tempos) eu me pego pensando sobre esse pequeno trecho dessa grande obra. Me comove essa perspectiva e de imediato posso me transportar para retalhos da minha caminhada em que fui agraciado com instantes como este descrito pelo autor. Momentos de uma realização extrema, de um sentimento intenso, de uma sensação plena de conexão com o que há de mais bonito no universo. E nesses minutos, com a mais robusta convicção, eu não trocaria meu lugar com nenhum ser vivente nesta ou noutra galáxia.
Nesses dias compreendemos como o mais singelo dos homens e/ou mulheres, em algum segundo da vida, pode ser agraciado com a mais autêntica felicidade. E essa sensação não se relaciona com a riqueza, o poder, a fama. Mas sim com aquele sentimento genuíno do pescador Crisóstomo. Um sentimento que abraça a qualquer um. Rico ou pobre. Preto ou branco. Homem ou mulher. Cristão ou ateu.
Não que a história do personagem (assim como a de todos nós) não tenha suas agruras e dramas. Pelo contrário. O autor traz uma reflexão extremamente atual e relevante para tempos de tanta crueldade, hipocrisia, preconceito e injustiça. Nos mostra de maneira sensível e arrebatadora como o amor pode ser redentor. Não desperdice seu tempo. Pense nisso.