Um grupo composto por mães e pais de crianças atípicas protestaram nesta segunda-feira (27) em frente ao prédio do Centro Administrativo da Prefeitura de Mossoró.
Márcia Queiroz é mãe atípica de um menino de 11 anos. A artesã reclama sobre a falta de profissionais do CAPS infantil, localizado no bairro Nova Betânia. “Como tem nos cartazes, a gente está precisando desde o ano passado de profissionais da saúde mental lá no CAPS infantil e também no CER (Centro Especializado em Reabilitação) e vaga para os outros crianças. Eles estão fazendo o quê? Dando alta às crianças que lá são atendidas, que eles acham na cabeça deles que estão bem. E que a gente sabe que quem nasce com essa condição, eles não podem ter alta porque é uma terapia contínua, aí fica esse jogo de, aí, dar alta, porque tem outras crianças que precisam de vaga, mas não mandam profissionais. Aí os poucos que tem, estão saindo. E tá bastante pesado pra eles lá, porque são várias crianças sendo atendidas na mesma hora, no mesmo instante.”, contou.
Além da carência dos profissionais de psicologia, neurologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, psiquiatria e fonoaudiologia, o CAPS infantil também enfrenta problemas estruturais. Sidney Barroso é pai atípico e fala sobre a situação: “Eu venho a muito tempo reclamando, eu venho aqui até na secretaria, a questão da estrutura, né? Estrutura lá que falta ar-condicionado, né? Tem umas salas lá que eu já venho reclamando muito porque tá com mofo e o terapeuta, o psicopedagogo não tá atendendo na sala, está atendendo individual porque a terapia tem que ser aquela terapia individual, cada um no seu lugar. E essa que a gente está tendo dificuldade lá no Caps Infantil.”, desabafou.
Durante a produção da reportagem, as mães que estavam protestando foram convidadas a uma reunião com o secretário. “A sensação de angústia, de ver nossos filhos precisando de uma terapia adequada, e não tem. Nem o básico tem. Nem o básico. É um abandono assim que a gente se sente como se fosse o lixo. Ah, e passou ali, viu e pronto. A gente não se sente incluído em nada. Só exclusão, não é inclusão.”, desabafou Márcia.
“A gente se sente abandonado porque os terapeutas estão sendo tirados do local, né? Fora que o CAPS Infantil, eu ouvi falar que queriam botar como a regulação e não tem como, porque ali é um acolhimento. É uma coisa que o CER também deveria ser. E a gente tá reclamando isso, a foto dos profissionais que tá prezando aí, e a gente tá sendo prejudicado, né?”, reclama Sidney.
Em nota, o Secretário de Saúde, Almir Mariano, afirmou que recebeu o grupo de mães na manhã de segunda e escutou as demandas. “A Prefeitura de Mossoró destaca que realizou ano passado concurso público para a saúde com 330 vagas, mais cadastro reserva, e o Município trabalha para convocação dos aprovados no concurso nos próximos meses.”, dizia a nota.