O número de pessoas em insegurança alimentar grave no Nordeste, isto é, passando fome, aumentou. De acordo com os dados da pesquisa Vigisan, Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil, 12.127 mil habitantes da região estão passando fome. O número corresponde a 21% dos domicílios. No relatório anterior o percentual era de 13,8%. O estudo é produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Em todo país, ainda segundo dados da pesquisa, 33 milhões de pessoas não têm o que comer diariamente. Para estudiosos da área econômica, são muitos os fatores que provocaram essa situação atual no País.
“O Brasil enfrenta um cenário que apresenta baixo crescimento na geração de riqueza há mais de 4 anos – PIB próximo de zero e negativo em 2020 – alto nível de desemprego, 11%. Somado a uma inflação alta que tende a se agravar pela crise internacional gerada pela pandemia e mais recentemente pela guerra na Europa, que encarece petróleo e produtos de primeira necessidade”, explica Herbert Vieira, professor universitário.
Os números do Produto Interno Bruto (PIB) são reflexo da situação e podem explicar os dados referentes a emprego, renda e as famílias passando fome, citadas na pesquisa.
“Isso gera desemprego, gerando desemprego não tem dinheiro para comer. O nível de desemprego do Brasil em 2021 chegou a 15% quase. Agora em 2022, estamos com 11% de desempregados. Fora isso, desses que estão empregados, 40% estão na informalidade, ou seja, não tem nenhum apoio, não tem nenhuma consistência no que vai ganhar hoje ou amanhã”, explicou.
Somados ao desemprego e ao baixo crescimento do PIB, o brasileiro convive ainda com inflação elevada, que reflete nos preços altos de alimentos e produtos básico para as famílias. A situação pode ser ainda pior quando se fala do Norte o do Nortes do País. De acordo com o levantamento, a junção das condições de desemprego, renda e outras, levou ao endividamento de 38,2% das famílias e à necessidade de cortes em despesas essenciais em 57,1% dos domicílios da região.
“É necessário dizer ainda que esses indicadores de pobreza e suas consequências são piores nas regiões Norte e Nordeste, nos domicílios rurais do país, bem como em moradias com a pessoa de referência autodeclarada de cor preta ou parda, ou que eram mulheres”, diz um trecho do estudo.
Para os especialistas econômicos, é possível reverter o quadro com ações de governo planejadas a curto, médio e longo prazo. É o que defende o professor Herber. Para ele, as ações de governo precisam andar lado a lado com o planejamento e ações efetivas.
“A economia gira em cima de três atores: as famílias, as empresas e o governo. Cada um com o seu papel. Se o governo, lá em cima, não promove políticas públicas na área social, não promove um melhor planejamento de utilização de recursos, como recursos hídricos, como a produção de energia, a população acaba pagando com desemprego e com custo alto de alimentos”, conclui o professor.
O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil pode ser acessado aqui.
Você precisa fazer login para comentar.