Essa semana, o cantor bem-sucedido Wesley Safadão anunciou após uma apresentação na cidade de Natal/RN que iria se afastar dos palcos e cancelar a agenda de shows por tempo indeterminado para cuidar da saúde mental, pois estava sofrendo com crises de ansiedade. A notícia logo se espalhou nas redes sociais e ganhou repercussão nacional, trazendo à tona a discussão sobre a temática.
O caso do cantor é um exemplo de que a saúde mental pode ser afetada por diversas razões. Qualquer um de nós está sujeito a desenvolver uma doença mental ou transtorno mental, pois as causas são multifatoriais e todos nós estamos suscetíveis a situações estressoras e em determinado momento podemos precisar de ajuda profissional para conseguir lidar com elas.
É importante salientar que a ansiedade é uma reação natural e normal e como todas as outras emoções, tem sua utilidade funcional. A ansiedade e o medo são emoções correlatas e servem como um protetor natural do corpo. Como assim? Elas funcionam como um alerta, nos preparando para algo que seja interpretado pelo cérebro como perigoso ou ameaçador, então, o medo ajuda a nos proteger, sendo essencial para a preservação da vida, para a sobrevivência e para os processos de adaptação.
Quando a ansiedade atinge níveis excessivos, a pessoa se preocupa demais nas mais diversas áreas da vida, antecipando-se de ameaças que podem acontecer no futuro, trazendo prejuízos emocionais e físicos na funcionalidade do dia a dia. Entre os principais distúrbios de ansiedade catalogados estão o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Pânico, Agorafobia, Mutismo Seletivo, dentre outros.
Não se pode dizer exatamente o que está motivando o surgimento de tantos casos de ansiedade a nível patológico. Mas, basta refletir um pouco sobre a quantidade de desafios, cobranças, mudanças bruscas exigidas nos diversos cenários que podemos identificar possíveis gatilhos desencadeadores dessa ansiedade.
O estresse, o imediatismo, a cobrança de alto desempenho e de produtividade, problemas familiares e financeiros, a busca por um padrão de vida ou pelo corpo físico que se vê na rede social, as comparações com o outro, a sobrecarga de responsabilidades, o viver no automático, o excesso de compromisso podem ser alguns fatores estressores que têm levado pessoas a desenvolver um transtorno de ansiedade e também outras doenças como a depressão.
E quando saber que a ansiedade que estou sentido desencadeou um transtorno? A partir da observação do próprio comportamento, das emoções e dos pensamentos diante das situações. Assim, é possível identificar quando a ansiedade se tornou um problema, pois há sinais emocionais e físicos.
O excesso de preocupação, a tensão, o turbilhão de pensamentos do tipo “e se isso der errado?”, “e se eu estiver com uma doença muito ruim?”, “e se eu não conseguir?”. A pessoa ansiosa está sempre preocupada, tensa, odeia incertezas, dorme mal, não consegue relaxar, pode ter insônia, sentir dores no corpo, enjoos.
Por isso é imprescindível debater sobre saúde mental durante o ano todo, não apenas no Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio e à valorização da vida. Muitas pessoas não buscam ajuda profissional por medo, por desinformação, por preconceito e sabe-se que a maioria dos casos de suicídio está relacionada a doenças e transtornos mentais. Debater essas temáticas nos mais diversos espaços da sociedade, como escolas e empresas, estimula as pessoas a identificar os sinais e sintomas, a ter sua dor acolhida, a saber que não está sozinho e que há locais e pessoas a quem procurar a ajuda necessária.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
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