“Não tenho medo da morte. Tenho medo do tempo”. Assisti novamente esses dias a um filme de 2014. Talvez não lembrasse tanto dele porque é mediano. Mas fiquei feliz por rever e encontrar uma frase perdida nos diálogos (Gosto disso. De ver o que não foi visto). A frase que abre esse texto me representa integralmente. Outrora escrevi sobre o tempo aqui neste espaço. Mas nunca sobre a morte – única certeza comum a toda a humanidade e demais seres vivos. Apesar disso (desse tom fatídico e por vezes fúnebre), a morte não me assusta. Não temo a morte. Mas temo o tempo.
O senhor do destino se apodera de tudo o que vagueia pela imensidão concreta e subjetiva desse universo. Não há nada em que o tempo não esteja.
Na pele, na alma, na carne, na calma.
Dia desses olhava no espelho os caminhos do tempo no meu rosto. As estradas que os segundos abriram nas minhas feições e me lembram todos os dias que não preciso temer a morte. Mas ser amigo do tempo.
Em todo lugar o tempo está. Por isso eu tenho medo. Da eternidade dos momentos (dos bons e dos nem tão bons). Da fugacidade dos instantes. Da duração que cada escolha pode causar em nós.
Há uma máxima que diz, o tempo cura tudo. Discordo.
O tempo não é remédio.
O tempo é como o amor.
Basta a si mesmo.