Por Alexandre Fonseca, com produção de Rafaela Lúcio
Ao sair de Mossoró (RN) em direção ao município de Baraúna (RN), o motorista enfrenta um percurso de cerca de 40 quilômetros utilizando a RN-015. São aproximadamente 40 minutos de carro, de acordo com as estimativas do Google Maps.
Trechos da rodovia estadual estão em recuperação desde maio. São 44 quilômetros contemplados. Investimento que faz parte do Programa de Restauração de Rodovias Estaduais do Governo do Rio Grande do Norte.
Obras de recapeamento na RN-015. Fotos: Isaías Fernandes e Leo Silva.
O andamento das obras e os alertas para redobrar a atenção em alguns sentidos, foram temas de várias reportagens do jornalismo TCM nos últimos dois meses. O assunto se tornou recorrente pelos recentes registros de mortes, de motoristas, motociclistas e até ciclistas, que trafegavam na via. Uma RN-015 sem sinalização, curvas perigosas e praticamente sem acostamento. As obras, inclusive, indicam melhorias diretas no alargamento da estrada, o que promete impactar nas ocorrências de trânsito.
Tráfego pela RN-015. Fotos: Victor Rafael.
Quando finalizadas, espera-se que farão a diferença nos números de acidentes fatais. No momento, a realidade é preocupante! O jornalismo TCM solicitou ao Departamento Estadual de Trânsito, dados referentes aos meses de janeiro a agosto, de 2023 e do ano vigente, com o total de pessoas que tiveram suas vidas ceifadas em acidentes na rodovia. Moto colidindo frontalmente com carro, ciclista atropelado, são só alguns dos exemplos de óbitos catalogados durante os oito meses de 2024.
Óbitos em números
De janeiro a agosto de 2023, de acordo com dados do Detran/RN em parceria com o Comando de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE), passados para o jornalismo TCM, 25 pessoas se envolveram em ocorrências na RN-015, deixando 12 feridos e 3 mortos.
Já de janeiro a agosto de 2024, 32 pessoas sofreram algum sinistro na rodovia, com 13 pessoas feridas e 9 mortas. O mês de abril contabilizou quatro vítimas fatais, os meses de janeiro, maio e junho, uma morte cada e julho, dois óbitos. Na comparação anual, um aumento de 200%.
No dia 7 de agosto de 2024, a diretora do Departamento de Estradas de Rodagem do RN, Natécia Nunes, informou que as obras estavam 60% concluídas e que a sinalização só seria feita, após 30 dias do efetivo recapeamento asfáltico, falou ainda, sobre as ocorrências de trânsito. “Existe a sinalização das obras, do pare e siga. Em algum momento, deve ter acontecido um deslize do motorista, mas, está sendo feita uma fiscalização. A gente aguarda um período após o revestimento do asfalto para que a sinalização definitiva aconteça. E com relação ao alargamento, só deverá ser iniciado com a montagem do cronograma de serviços, que deve ser feito agora em setembro”, afirmou.
Vítimas identificadas
Acidentes de trânsito que ocorreram na RN-015 em 2024. Fotos: Ronda Policial.
O jornalismo TCM realizou uma pesquisa das vítimas que foram identificadas durante as investigações de cada ocorrência e bateu os dados de frente com o Detran/RN. A princípio, recebemos um total de sete mortes. Outras duas que estavam na base de dados do CPRE, foram esclarecidas pela assessoria do Departamento de Trânsito, após nossos questionamentos. Veja abaixo um quadro com os nomes, idades e tipos de acidentes na RN-015, durante o ano de 2024.
Entramos em contato mais uma vez com o DER/RN e recebemos a resposta de que a rodovia segue em obras, com placas auxiliando o tráfego e que a sinalização definitiva, vai sendo colocada à medida que os trechos são finalizados.
Atualizada em 23/10/2024
O jornalismo TCM teve acesso a um vídeo de uma câmera de segurança residencial, gravado no dia 11 de outubro de 2024, mostrando um acidente na RN-015, no trecho que compreende o acesso à comunidade Riacho Grande, zona rural de Mossoró/RN. O motorista não percebeu a lombada, freou repentinamente e saiu da pista. Veja:
Acidente na RN-015, registrado no dia 11/10/2024. Vídeo: Cedido.
Não era o primeiro acidente presenciado pelos moradores da região. A população insatisfeita com as ocorrências, decidiu denunciar em reportagem, exibida no dia 15 de outubro, no telejornal TCM Notícia.
“Recebemos a sinalização no início de outubro, quando vieram fazer a pintura e colocar as tartaruguinhas. A lombada foi feita, só que não foi identificada, não colocaram placas. O que está faltando é a sinalização de placas. Quem vem e quem vai, não imagina que aqui tem uma lombada. Três acidentes que aconteceram por falta de sinalização”, relatou a professora Rivânia Jasmynne, em entrevista a repórter Thifanny Alves.
A placa branca sinalizando a lombada, que você viu na imagem anterior, por trás da professora, foi colocada pelo motorista Marcos Túlio, como mostra o vídeo a seguir:
Sobrinha narrando, enquanto o tio e motorista Marcos Túlio, coloca a placa improvisada ao lado do quebra-molas. Vídeo: Cedido.
“Coloquei pra evitar mais algum acidente e fatal, né? Quando é dano material, é uma coisa, mas, quando é fatal, né? Eu trabalho aprumando carro e sei quantas vezes o carro passa carregado, quebra uma mola e tudo é prejuízo. Depois que fizeram o asfalto, teve três acidentes graves, não foram mais graves porque não morreu ninguém. E coloquei a placa pra quem vier já saber que tem um quebra-molas”, disse.
A comunidade solicita uma sinalização adequada. “Estamos assustados. É uma situação que a gente tá em casa fazendo nossas coisas, de repente fica todo mundo assustado, acha que pegou alguma vítima. É um perigo total”, acrescenta a professora.
Em nota, o Departamento Estadual de Rodagem (DER), informou que “determinou a reinstalação da sinalização vertical em trechos da RN-015, entre Mossoró e Baraúna, considerando que parte das placas foram depredadas ou furtadas.” Informou ainda, que a restauração da rodovia estadual está em sua última etapa (mais de 90% de execução).
“Todas as vias terrestres, independente das competências, se federal, estadual ou municipal, periodicamente tem que passar pelo processo de recuperação. Obviamente, os cuidados precisam ser triplicados pelos condutores de veículos, haja vista se deparar com situações diversas, como parte sem asfalto, de chão batido, com buracos, sem sinalização”, explica o Major Emerson Almeida, comandante da 2ª Companhia Independente de Policiamento Rodoviário (2ª CIPRv).
“Depois de recuperada a malha de circulação, é feito um processo de cura do asfalto para ser feita a pintura da sinalização horizontal e posteriormente, afixada a sinalização vertical. O que a gente observa e é cientificamente comprovado, é que 90% dos sinistros de trânsito registrados, são por imperícia, imprudência ou negligência. Os condutores precisam fazer uma avaliação contínua das vias que estão transitando”, orienta o Major.
“Os condutores, os moradores das comunidades que usufruem daquela via, devem ficar atentos a esse processo de recuperação e sempre entrar em contato com as autoridades competentes, para que a restauração ocorra dentro de um prazo razoável, evitando problemas. Uma vez que a ausência prolongada de sinalização, de um asfalto, dificulta a condução e favorece para que situações adversas a segurança no trânsito, aconteçam”, finaliza.
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