Na última semana, veículos de comunicação falaram sobre um termo que se popularizou nas redes sociais, o Redpill, “uma contraposição ao movimento feminista e LGBTQIA +”, ressaltou a professora de Serviço Social, Suamy Soares ao definir o termo em entrevista ao Portal TCM Notícia.
“Eles [ redpills ] têm as redes sociais, como uma ferramenta, para ridicularizar as conquistas do movimento feminista, alegando serem prejudicados pelo tratamento privilegiado que as mulheres conquistaram a partir da pressão com o estado, nos novos comportamentos e no nosso empoderamento” afirmou.
A professora explica que o termo Redpill, tem origem nos filmes da saga Matrix, “contraditoriamente o termo da pílula vermelha faz referência ao filme, o protagonista toma a pílula vermelha para ver o mundo de maneira mais explícita. O engraçado e contraditório é que o filme foi construído por duas mulheres trans [Lilly Wachowski e Lana Wachowski], e eles pegaram o termo dentro de uma obra de movimento contestatório”.
A professora Suamy, fala que esses movimentos contrários ao feminismo não são novidade. Segundo ela “o movimento masculinista surgem após as conquistas alcançadas pelas lutas feministas, que data no final do século XIX e início do século XX, como a inserção no mercado de trabalho, a garantia ao voto e o divórcio”.
Ela explica que esses assuntos são tratados na teledramaturgia em vários momentos. “Na novela o Cravo e a Rosa, por exemplo, falava sobre um machão e uma feminista. Eu sou muito noveleira, na atual novela das sete [Vai na Fé], por exemplo, tem um grupo assim, eles chamam de movimento do sagrado masculino, que também tem ganhado amplitude, e são a mesma coisa da machosfera do redpill, são homens misóginos, que querem voltar padrões conservadores”.
“Eu penso, que a gente tem que começar a questionar essa postura masculina na internet, elas reproduzem violência. Reproduzem a interdição das mulheres no espaço público e nos espaços de poder,” finalizou.
A quarta edição da pesquisa “Visível e Invisível” mostrou que mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022, no Brasil. A pesquisa foi encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo os dados, a cada minuto 35 mulheres foram violentadas e duas foram estupradas.
De acordo com a legislação, a misoginia ainda ainda não é considerado crime. No momento existe uma proposta que começou a tramitar na Câmara a fim de criminalizar a misoginia, que é o ódio ou aversão às mulheres, equiparando ao crime de racismo. A proposta chegou ao Senado na forma de uma ideia legislativa proposta pela psicóloga e pesquisadora da Universidade de Brasília, Valeska Zanello.
A intenção era incluir no rol dos crimes de preconceito e injúria, ofensa à dignidade ou ao decoro e o discurso de ódio, por meio de palavras, gestos ou atos, dirigidos a pessoas em razão do sexo feminino. Em menos de uma semana, a ideia legislativa alcançou os 20 mil apoios necessários para tramitar no Senado na forma de Sugestão Legislativa.
A iniciativa também foi apoiada pela senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que a transformou no Projeto de Lei (PL) 896/2023. A medida prevê multas e penas de reclusão de um a cinco anos ao agressor, a depender do ato praticado contra a mulher
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