Segundo o Censo 2010, o número de evangélicos praticamente dobrou no Rio Grande do Norte quando comparado ao levantamento feito em 2000. O crescimento foi de 96,9% da população evangélica potiguar.
Em Mossoró, o censo 2010, apontou que a cidade tinha 183.672 católicos e 47.964 evangélicos (a maioria pentecostal da Assembleia de Deus – 20.326). Mas estes números estão prestes a ser atualizados com o atual Censo 2022. E podem mostrar novo crescimento evangélico.
Burocracia religiosa
Nos últimos 10 anos, a Receita Federal registrou sob a rubrica de organizações religiosas ou filosóficas uma média de 25 organizações por dia. Isso é uma nova organização por hora no país.
Nem toda igreja ou organização precisa ter o registro na Receita, mas com o CNPJ em mãos, basta procurar a prefeitura e o governo estadual para solicitar o alvará de funcionamento. O documento garante também a imunidade tributária: a Constituição proíbe a cobrança de impostos de templos de qualquer culto.
Igrejas não pagam IPTU, Imposto de Renda (IR) sobre as doações recebidas, ISS, além de IPVA sobre os veículos adquiridos. Aplicações financeiras em nome das organizações também estão livres do IR.
O Portal TCM Notícia fez um levantamento com CNPJs ativos no estado que tem como atividade definida a organização religiosa. Hoje são 1.482 organizações religiosas ou filosóficas com CNPJ ativo. A maioria está em Natal (477).
Mas Mossoró aparece em segundo no ranking com 157 registros (10,59% do Estado). O bairro Centro concentra a maior quantidade de organizações são 21. São igrejas, templos, centros espíritas e comunidades religiosas.
A Igreja Universal do Reino de Deus conta hoje com 10 números ativos no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Logo em seguida vem a Associação Brasileira D'a Igreja De Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias com cinco registros. Apenas em 2021 foram abertos nove registros com este propósito fiscal.
Milagre da multiplicação
Estes dados de CNPJ nos ajudam também a entender a proliferação de igrejas nos últimos anos. Entre 2012 e 2021 foram emitidos 64 registros na Receita Federal para organizações religiosas. Este número é o dobro das emissões feitas entre 2002 e 2011 (32), e quase cinco vezes maior do que as criadas entre 1982 e 1991.
A comunidade da Maísa tem cerca de 4 mil habitantes distribuídos em 900 residências. Mas uma olhada atenta no mapa de templos religiosos mostra que a comunidade é bem servida de orientação religiosa. São seis organizações, sendo uma capela católica e cinco diferentes igrejas evangélicas.
Força política
O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, é evangélico da denominação Igreja de Cristo. E a posição religiosa recorrentemente é alvo de questionamentos políticos: como na participação do prefeito na tradicional festa de Santa Luzia, padroeira da cidade.
Mas a religião também está presente na Câmara Municipal de Mossoró onde a chamada bancada evangélica cresceu e ganhou influência. Apesar do estado laico, toda sessão realizada pela Câmara Municipal começa e termina com a seguinte frase: “Em nome de Deus e da lei, declaro...”.
Atualmente são pelo menos cinco evangélicos, porém dois se destacam por terem sido apoiados por lideranças evangélicas importantes: Gideon Ismaias e Lamarque Oliveira.
E projetos na Câmara sofrem os efeitos do trabalho da bancada evangélica. Em julho deste ano, esta legislatura aprovou uma lei que instituiu o segundo sábado do mês de julho de cada ano como o Dia da Marcha para Jesus no município.
Lamarque é também o vereador autor de uma lei que concede isenção de taxa de iluminação pública às igrejas e templos religiosos. A igreja católica também tem representantes que conquistaram votos pelo fato de estar presente na vivência religiosa, como é o caso do vereador Francisco Costa, o Costinha.
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