A BR-437, conhecida como Estrada do Cajueiro, que liga o estado do Rio Grande do Norte ao Ceará, está em condições precárias, dificultando o tráfego da população. Mesmo sendo registrada como asfaltada nos sistemas de GPS, a realidade da estrada é bem diferente. A largura limitada e o excesso de areia tornam o percurso desafiador, especialmente em períodos secos, como relata Seu Isaías Gomes, agricultor da comunidade Cabelo de Negro, que vive na região há quase 50 anos. “Aqui já está com base dos anos 60, meu filho. Nunca foi feito nada de futuro para nós aqui da região. Precisamos dessa estrada”, afirma.
A situação é agravada pela falta de qualidade no serviço de manutenção da via. O taxista Israel Dias, também da comunidade do Jucuri, denuncia que o transporte de passageiros, especialmente para Mossoró, está sendo severamente impactado. “A estrada está um caos”, relata Israel, que atende vários assentamentos ao longo da via.
Embora o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tenha prometido melhorias, a realidade é que, um ano e meio após a visita do jornalismo TCM e da alegação de que os serviços estavam em andamento, nada mudou. Israel também critica o trabalho do DNIT, que consistiu em colocar uma barragem que não resolve o problema. “É uma coisa sem noção. Eles podiam fazer uma análise de barro, mas não fizeram nada de útil. A estrada está registrada como asfalto, mas os moradores estão sofrendo”, diz o taxista.
A falta de infraestrutura é um problema constante na estrada, e os moradores temem que a situação piore com as chuvas que se aproximam. Francisco Neto, morador do assentamento Cristais, compartilha sua preocupação: “Nós estamos no seco, mas se der uma chuvinha, aqui já não passa mais.” Ele e outros moradores, como João Clébio, agricultor da região, enfrentam enormes dificuldades para acessar Mossoró. “Eu gasto meia hora para chegar na BR e, enquanto isso, o trecho de Jucuri a Mossoró leva apenas 20 minutos”, explica João.
As chuvas iminentes tornam o cenário ainda mais dramático. Caso a situação já seja difícil no seco, os moradores temem que a estrada se torne intransitável com a chegada das águas. Para muitos, a única solução será adaptar os veículos, mas mesmo isso pode não ser suficiente diante das condições de deterioração da via. A estrada, que deveria facilitar a ligação entre os estados e comunidades, continua a ser um obstáculo constante para quem depende dela para o trabalho e a vida cotidiana.
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