O estado do Rio Grande do Norte e o município de Mossoró apresentam índices acima da média nacional de prevalência de pessoas com deficiência (PCD), com destaque para desigualdades por sexo, cor/raça e idade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou uma nova publicação nesta sexta-feira (23) com dados do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022 (divulgados em 2025), destacando os perfis sociodemográfico e educacional das pessoas com deficiência no país. Mossoró e o Rio Grande do Norte têm índices superiores à média nacional em praticamente todos os indicadores de deficiência.
O Censo Demográfico 2022 identificou, no Brasil, 14,4 milhões de pessoas com deficiência com 2 anos ou mais de idade. No Nordeste, essa proporção foi maior, alcançando 8,6%. No Rio Grande do Norte, 285,3 mil residentes foram identificados com deficiência, representando 8,8% (acima da média nacional de 7,3% e ligeiramente maior que a do Nordeste, que foi de 8,6%).
Entre os municípios potiguares com mais de 100 mil habitantes, Mossoró apresentou o maior percentual (9,1%), seguido por Natal (8,7%), São Gonçalo do Amarante (8,8%) e Parnamirim (6,1%). Esses resultados evidenciam diferenças importantes entre os territórios e entre os sexos, com destaque para as mulheres, que apresentaram percentuais mais elevados em todas as localidades analisadas.
Há grande desigualdade educacional para pessoas com deficiência, principalmente no analfabetismo e escolarização de adultos.
No recorte por faixa etária, os dados do Censo 2022 mostraram que a proporção de pessoas com deficiência no Rio Grande do Norte aumentou progressivamente com a idade, alcançando 24,9% entre os moradores com 60 anos ou mais.
No recorte por cor ou raça, o RN apresenta mais uma vez valores mais altos do que o Brasil, destacando-se as pessoas pretas (11,2% no RN contra 8,6% no Brasil) e amarelas (11,6% no RN contra 6,6% no Brasil). Os dados escancaram que políticas públicas direcionadas a mulheres com deficiência, idosos e populações indígenas e pretas são prioritárias, dado o maior impacto nesses grupos.
Em comparação ao Nordeste, o RN teve valores similares, mas ainda ligeiramente maiores em alguns grupos, indicando maior carga de deficiência em termos proporcionais. Mossoró se destacou com 11,9% entre indígenas e 11,3% entre pretos.
Em relação às dificuldades funcionais permanentes, o Rio Grande do Norte apresentou percentuais mais elevados em comparação com o Brasil em todas as categorias: enxergar (4,8% no RN contra 4,0% no Brasil), ouvir (1,5% contra 1,3%), andar (3,0% contra 2,6%), pegar objetos (1,5% contra 1,4%) e dificuldades mentais (1,7% contra 1,4%). Em Mossoró, esses percentuais de limitação para enxergar e para andar ou subir, foram ligeiramente superiores (4,7% e 3,2%, respectivamente).
Para múltiplas dificuldades (2 ou mais), no comparativo nacional, o Rio Grande do Norte apresentou a proporção de 2,3%, com prevalência de deficiência acima da média brasileira de 2,0%e praticamente equivalente ao Nordeste 2,4%. Mossoró apresentou percentual levemente superior na categoria de múltiplas dificuldades, com 2,6%. Os dados demonstraram que a maioria das pessoas com deficiência relatou apenas uma limitação funcional, embora a proporção de múltiplas dificuldades tenha sido relevante e similar em algumas localidades.
Sobre o grau de dificuldade funcional, no Rio Grande do Norte, a dificuldade mais prevalente foi para enxergar, com 16,1% da população apresentando algum grau de limitação, seguida por dificuldade para andar (4,9%) e ouvir (4,5%).
A maior proporção de pessoas que afirmaram “não conseguir de modo algum” foi registrada na dificuldade para andar (0,6%). A menor prevalência geral foi observada nas limitações cognitivas/mentais, embora ainda representassem 2,3% da população com algum grau de limitação. Esses resultados evidenciaram a predominância das limitações sensoriais visuais e motoras.
Os dados locais reforçam a necessidade urgente de ações intersetoriais de inclusão educacional, especialmente para adultos com deficiência. É importante ainda priorizar políticas voltadas a mulheres, população preta e indígena. Em Mossoró, especificamente, há uma necessidade latente de investimento em acessibilidade urbana e atendimento especializado, considerando as altas taxas.
A investigação sobre pessoas com deficiência no Brasil remonta ao primeiro censo nacional, realizado em 1872. Após um hiato de cinco décadas, a coleta sistemática de informações foi retomada em 1991. No Censo 2022, em consonância com as diretrizes internacionais do Grupo de Washington, foram incluídos quesitos que identificam dificuldades funcionais permanentes em cinco domínios: visão, audição, locomoção, coordenação motora fina, e cognição/comunicação, considerando pessoas com dois anos ou mais.
Os resultados preliminares são apresentados por Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios, e também por cor ou raça, sexo e faixa etária. No caso específico para o Rio Grande do Norte, as informações incluem dados estaduais e dos municípios com mais de 100 mil habitantes.