Localizado a cerca de 1.000 Km do litoral do Rio Grande do Norte, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo não é um dos lugares mais fáceis para morar, mas é um ponto fundamental para pesquisadores de diversas áreas. É o caso de João Luiz, 26 anos. Natural de Mossoró/RN e prestes a concluir a graduação em Engenharia da Pesca, ele precisou morar por 15 dias nas ilhas rochosas em uma pesquisa que busca compreender o processo de migração de três espécies de peixes.
“A gente passa uma semana na Marinha de treinamento fazendo cursos de combater incêndio, controle e manutenção de bote inflável, sobrevivência, primeiros socorros… Porque, afinal de contas, a gente está só aqui. O médico mais próximo está a dois dias de viagem de barco” disse João.
O arquipélago é formado por um conjunto de ilhas rochosas, com área total emersa de aproximadamente 17.000 m2. Na estação cientifica, montada no local, João Luiz divide as tarefas e o espaço com outras duas pessoas, o biólogo Aristóteles Queiroz, 30 anos, natural de Carnaíba/PE e Vitor Quesada, representante do ICMBio. Eles chegaram à ilha no dia 10 de outubro e ficam até o dia 25 do mesmo mês.
“O interessante [do arquipélago] para pesquisa é que aqui é basicamente um refúgio, um local de alimentação para várias espécies, não só de peixes, mas aves, mamíferos aquáticos, baleias etc. É um santuário no meio do nada”, explicou.
Os dias na ilha são cercados de aprendizados, curiosidades e tarefas de cuidados com a ‘casa’. É preciso levar água, já que não há água potável no local, comida para todos os dias e todos os mantimentos necessários. A energia é solar, armazenada em baterias.
“Pela manhã, a gente carrega as baterias e a noite a gente usa. Geralmente perde a energia lá para as 3 horas da manhã. E todo santo dia, a gente tem que limpar as placas solares, todo dia tem que subir na casa e limpar todas as placas”, comentou.
João explica ainda que para o Brasil é muito importante que sempre tenham pessoas habitando o local, para ele ser mantido como território brasileiro. Além disso, as pesquisas são importantes para ajudar a compreender diversos aspectos da biodiversidade do local, do Brasil e do mundo.
Em sua pesquisa, o mossoroense tenta entender o processo de migração de 3 espécies de peixes; atum, peixe rei e cavala empinge. O objetivo é entender se as 3 espécies são residentes do arquipélago ou são migratórios, se forem migratórios, quantas populações visitam o arquipélago e com que frequência eles visitam.
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