A palavra “violência” tem uma conotação negativa por se tratar de um ato moralmente reprovável. Quando se trata de violência sexual, para evitar a revitimização do paciente, é importante que o atendimento de saúde seja feito de forma adequada. Pensando nisso, um projeto realizado por uma equipe multiprofissional da Maternidade Almeida Castro, em Mossoró, visa acolher pessoas que são vítimas desse tipo de agressão.
O projeto “Flor de Lótus” é um projeto direcionado ao atendimento às mulheres que passaram por algum tipo de violência sexual no município de Mossoró e região. “A gente atende principalmente as mulheres, sejam crianças, adolescentes ou adultas, e também tem um atendimento aos meninos de até 12 anos”, conta a médica ginecologista Paula Alves.
“Flor de Lótus”, o nome do projeto, se tornou um codinome, a senha utilizada por pessoas que passaram por algum tipo de violência sexual. O atendimento é feito por uma equipe multiprofissional, que conta com profissionais da enfermagem, psicologia, assistência social e medicina.
“Passa primeiramente pela recepção, após a recepção, passa pelo acolhimento da enfermagem, onde irá realizar a assistência com os sinais vitais da vítima, geralmente com a frequência cardíaca, respiração, peso. Após o atendimento com a enfermagem, encaminha a vítima para o serviço social para fazer assistência pela equipe multiprofissional, que é o serviço social, psicólogo e médicos ginecologista e obstetra”, explica a enfermeira Talini Paiva.
Todas as formas de violência podem trazer consequências negativas, principalmente prejuízos cognitivos, sociais e afetivos. Assim, a psicologia age de maneira articulada com os demais especialistas no atendimento às vítimas, criando uma verdadeira rede de apoio. É o que explica a psicóloga Yasmin Falcão: “Quando a pessoa em situação de violência sexual chega, logo são acionados o serviço social e a psicologia. Nós fazemos esse atendimento em conjunto, que é um acolhimento inicial, a escuta para entender qual foi a situação. Em alguns momentos, dependendo do caso, a gente escolhe fazer sozinho, pra pessoa sentir mais à vontade. E depois eu realizo o encaminhamento pra rede”.
A escuta sensível, com o intuito de identificar as marcas de sofrimento, acolher e ajudar no tratamento das vítimas, é feito por parte da assistência social. “A gente faz um atendimento de escuta, a paciente passa pela enfermagem e depois a gente faz esse atendimento de escuta qualificada juntamente com a psicologia. A gente tenta entender o que aconteceu, na realidade a paciente não precisa, a vítima não precisa vir explicando exatamente o que aconteceu para não revitimizar. Então a gente escuta o básico que a gente precisa mesmo para cuidar da saúde dela, porque o que é importante aqui é a gente cuidar da saúde da paciente, tanto física como psicológica”, esclarece Clarice Araújo, assistente social.