Assumir os cabelos naturais é, essencialmente, revelar uma identidade única. A aceitação dos fios naturalmente crespos representa um poderoso ato de empoderamento para mulheres e homens negros. As curvaturas mais fechadas desses fios não apenas simbolizam força e resistência, mas também provocam discussões valiosas sobre a importância da educação e da consciência da beleza presente na diversidade capilar.
Uma ideia para abordar como os cabelos crespos fazem parte da identidade negra foi pensada pela estudante Sarah Sthefany, aluna do 8° ano da Escola Municipal Marineide Pereira da Cunha, localizada no Bairro Santa Delmira, em Mossoró/RN.
Diante de várias realidades que ela presenciou dentro e fora da escola, a estudante foi aprimorando o conhecimento e melhorando o desenvolvimento do trabalho.
“Um tempo atrás, a minha mãe não gostava do meu cabelo por ele ser muito cheio. Eu alisava o meu cabelo, ela pediu para alisar, eu alisei, não tinha querer. Também presenciei algumas falas e atitudes racistas na minha casa que eu não gostei. Eu falei: ‘vou criar um projeto sobre isso’, porque é a única coisa que eu tinha me identificado. Embora eu não seja negra, eu pensei: ‘isso é importante’”, diz a jovem.
Nesse trajeto para evidenciar a importância do projeto, a estudante ganhou um apoio importante da professora Egídia Amorim que abraçou a ideia de Sarah, intitulada “Revolução dos cachos: descoberta, empoderamento e autoestima de pessoas negras”.
“Ela já tinha desenvolvido no ano anterior, em 2022, o projeto que foi avaliado, mas não passou para a etapa seguinte. Ela me procurou e disse: ‘professora, eu quero dar continuidade ao meu projeto e eu abracei a ideia’”, comenta.
Outro nome importante é o do professor Arthur Maciel que, além de ser um grande incentivador da ideia, é quem fica atento às inscrições do projeto em feiras científicas de todo o Brasil. Inclusive, eles estão aguardando, com grande expectativa, o resultado da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). “O projeto foi submetido à Febrace que é uma feira brasileira patrocinada pela USP de São Paulo”, comenta.
O projeto foi apresentado no evento de forma virtual. O professor comenta que o trabalho de Sarah foi diretamente inscrito na Febrace; dos três mil inscritos, foram separados 500 projetos de todo o País. Sendo selecionada, eles estarão indo para São Paulo apresentar de forma presencial.
Sarah diz que está muito entusiasmada e ansiosa pelo resultado; pretende continuar pesquisando sobre o tema. “Eu pretendo continuar o projeto este ano, passar para a Febrace presencialmente e produzir uma cartilha”, diz.
Na cartilha, a estudante destaca que planeja trazer vários assuntos envolvendo autoestima negra. “Falando sobre cabelo crespo, autoestima e influenciar muita gente, assim, a se aceitar nas redes sociais, principalmente, porque ainda existe muito isso, essa questão do racismo presencial e principalmente virtual, que eu vejo muito”, finaliza.
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