O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou na quarta-feira (9) uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova taxa está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Após o anúncio, o Governo do Rio Grande do Norte começou a articular possíveis ações e alternativas caso a medida não seja revogada. A taxação pode ser altamente prejudicial ao estado, especialmente para os setores que exportam para os Estados Unidos, mercado de grande relevância para o RN. “Em 2025, as exportações para os EUA já superam 67 milhões de dólares”, afirma o secretário da Fazenda do RN, Carlos Eduardo Xavier.
Entre os setores mais destacados estão produtos de origem animal não destinados à alimentação, que têm maior relevância, além de caramelos e confeitos, pescados e, na região de Mossoró, o sal. Esses dois últimos devem ser os mais afetados. “As exportações para os Estados Unidos representam até 70% do total desses setores. Uma tarifa adicional de 50% pode comprometer totalmente a competitividade desses produtos, impactando as empresas do estado e a geração de empregos”, explica Xavier.
A projeção é que o impacto seja muito negativo, não apenas para o Rio Grande do Norte, mas para a economia brasileira como um todo. Tanto o Governo Federal quanto o estadual esperam que o plano de taxação seja revisto pelo presidente dos EUA. “Trump tem um histórico de anunciar medidas e depois recuar, mas precisamos reagir com firmeza para evitar que isso se concretize, pois os produtos brasileiros podem perder competitividade”, destaca o secretário.
A perda de competitividade não afeta diretamente a arrecadação estadual, mas impacta a geração de empregos. “Perder uma fatia importante do mercado americano pode causar um impacto significativo nos empregos dos setores afetados”, alerta Xavier.
O Governo do RN já está se mobilizando para dialogar com os setores econômicos impactados e avaliar alternativas. A intenção é buscar novos mercados caso a medida não seja revista. “O mercado chinês, por exemplo, é uma alternativa para os pescados. No caso do sal, há desafios logísticos, já que é um produto de baixo valor agregado, onde o custo de frete é muito representativo no preço final. Estamos organizando uma reunião na próxima semana com os segmentos afetados para discutir alternativas de mercado, visando minimizar a redução no faturamento das empresas e, consequentemente, na geração de empregos no estado”, conclui o secretário.
O Governo do Estado emitiu uma nota sobre aumento da tarifa de exportação para os Estados Unidos.
Confira na íntegra:
“As implicações dos aumentos de tarifas, por parte dos Estados Unidos, para produtos importados do Brasil têm sido monitoradas com atenção pelo Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, desde março, quando ocorreu o anúncio das primeiras elevações. Essa monitorização visa orientar iniciativas que mitigam as consequências na economia do Rio Grande do Norte.
O anúncio do aumento da tarifa para 50%, a partir de agosto deste ano, exige um acompanhamento ainda mais rigoroso e uma atuação articulada com o Governo Federal e os setores produtivos, para preservar a competitividade dos setores exportadores do RN.
Diante da atual guerra tarifária imposta pelo governo Trump, o Estado do Rio Grande do Norte, por meio de seus órgãos de planejamento e desenvolvimento econômico, monitora atentamente os desdobramentos do cenário internacional.
Embora o Rio Grande do Norte possua uma pauta diversificada no comércio exterior, as exportações e importações para o mercado norte-americano têm participação expressiva. Entre janeiro e março deste ano, o RN exportou US$ 26,2 milhões para os Estados Unidos, enquanto as importações somaram US$ 9,8 milhões, resultando em um superávit de US$ 16,4 milhões na balança comercial bilateral.
Em 2024, as exportações do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos totalizaram US$ 67,1 milhões. Os dez principais produtos exportados nesse período incluíram produtos de origem animal impróprios para alimentação humana, caramelos e confeitos, albacoras-bandolim frescos, outros açúcares de cana, sal marinho a granel, querosenes de aviação, granitos, albacoras/atuns frescos, mangas frescas e castanha de caju fresca ou seca.
As importações, por sua vez, totalizaram US$ 76,2 milhões em 2024. Entre os produtos oriundos dos Estados Unidos, destacam-se o óleo diesel, outras gasolinas, coque de petróleo, copolímeros de etileno e alfa-olefina, trigo e misturas de trigo com centeio, copolímeros de etileno e ácido acrílico, medicamentos com compostos heterocíclicos, caldeiras aquatubulares, poli(cloreto de vinila) não misturado com outras substâncias e medicamentos contendo produtos para fins terapêuticos.
É importante notar que, somente nos seis primeiros meses de 2025, o volume exportado para os Estados Unidos já se iguala ao montante exportado ao país durante todo o ano de 2024.
Diante dessas circunstâncias, é relevante fortalecer as políticas públicas adotadas pelo Governo do Rio Grande do Norte para o desenvolvimento sustentável, no que diz respeito à competitividade de nossos produtos no mercado externo.
As ações recomendadas incluem: mapear com precisão as barreiras tarifárias e não tarifárias em vigor para cada produto nos EUA; investir na capacitação técnica de exportadores locais sobre exigências sanitárias e padrões internacionais; fomentar acordos comerciais e protocolos fitossanitários bilaterais, inclusive por meio de articulação federativa; incentivar o reposicionamento de produtos nas cadeias de valor globalizadas, com foco em diferenciação e sustentabilidade; e apoiar a busca por novos mercados-alvo, especialmente na Ásia e América Latina.
Simultaneamente, há firme convicção de que as iniciativas adotadas pela Presidência da República em defesa da soberania brasileira e preservação da competitividade dos produtos nacionais no mercado externo — com assessoramento e respaldo dos Ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e das Relações Exteriores — assegurarão a continuidade do crescimento e da prosperidade.“