Um estudo em andamento realizado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) em parceria com a Prefeitura de Mossoró pretende traçar o perfil da agricultura familiar no município. O levantamento já está na fase de conclusão. Os dados serão divulgados ainda neste ano e devem ajudar a compreender o cenário atual das famílias que vivem e produzem no campo.
Desenvolvido junto a plataforma Sabiá, ambiente virtual da UFERSA que busca difundir tecnologias para solução de problemas do semiárido brasileiro, a pesquisa pode se tornar uma importante aliada nas ações de governo voltadas a agricultura. “Esses são dados que a gente nunca teve. Existiam poucas pesquisas, ou basicamente quase nenhuma, que pudesse nos dar um panorama, um cenário, de como se encontra agricultura familiar na região de Mossoró”, explica o professor Leonardo Querido, que integra o grupo de pesquisa.
A aplicação dos questionários começou em 2021. A equipe já visitou comunidades como a Maísa, uma das maiores do município. As perguntas buscam identificar as características das famílias, como renda, trabalho, educação, comercialização de produtos entre outras. De acordo com o professor Leonardo, mesmo com os dados preliminares, algumas informações importantes já podem ser observadas. Por exemplo, o reduzido número de filhos de agricultores que trabalham na propriedade, a dificuldade de acesso à assistência técnica e a melhoria no nível de escolarização dos filhos desses produtores.
Estudos recentes buscam entender as relações de trabalho e renda no campo. É o caso do levantamento feito no Brasil pela Oxfam, organização internacional que atua contra desigualdades econômicas. De acordo com o relatório, em 2019, trabalhadores do melão, manga e uva do Rio Grande do Norte, e de mais outros 2 estados pesquisados recebiam, em média, um salário que era apenas 56% do que é considerado um salário digno pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Saiba mais aqui: Desigualdade no trabalho do campo
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no Rio Grande do Norte existem cerca de 214 mil pessoas ocupadas em atividades agropecuárias. As informações são do Censo Agropecuário de 2017. Já o estudo realizado pela UFERSA deve possibilitar um mapeamento local mais preciso dessas famílias na região.