No próximo dia 16 de outubro, a cidade de Assú/RN comemora 177 anos de emancipação política. Apesar do pouco tempo de emancipação, o município, que é um dos mais importantes para economia da região, tem uma história muito mais longa e cheia de personagens marcantes. Uma dessas personalidades é a Baronesa Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva.
Oficialmente, a história de Assú começa a ser contada a partir do século XVII, quando na região existia a aldeia Tabaçu, comanda pelo Rei Janduí. Muito embora, historiadores garantam que ela inicia na verdade muito antes do próprio descobrimento do Brasil.
Foi nessa terra que, no dia 24 de junho de 1885, a Baronesa Belisária realizou um ato que entrou para história da cidade. Abolicionista, defensora da libertação de escravos, ela preparou um verdadeiro banquete e ela mesma serviu os seus escravos, que naquele mesmo dia haviam sido libertados.
“Às 9h da manhã ocorreu o ato na Igreja Matriz de São João Batista de libertação de todos os escravos do território do município do Assú. Como a Baronesa residia na lateral da igreja matriz se deslocou da igreja até a sua casa e lá serviu o banquete”, explica o historiador Ivan Pinheiro.
Na época, Belisária ainda não tinha o título de Baronesa, que só conquistou alguns anos depois com o casamento com Felipe Néri de Carvalho e Silva. Com a união, ela se tornou a Baronesa de Serra Branca, que era uma grande fazenda com gados, cavalos, servidores e vaqueiros.
O ato de libertação dos escravos em Assú, aconteceu dois anos após a cidade de Mossoró (30 de setembro de 1883). Três anos após a libertação em Assú, em 1888, a Lei Áurea acabou com a exploração de mão de obra de escravos em todo Brasil.
Servir os escravos após o ato de libertação não foi a única ação a marcar a história de Belisária. Conhecida por ser abolicionista, os relatos são de que ela, sendo dona de escravos, não os tratavam diferentes e se sentia culpada.
A Baronesa era filha de Manuel Lins Wanderley e Maria Francisca da Trindade Wanderley. Após a morte do Pai, em 1878, Belisária e Felipe Néri mudaram para o sobrado em Assú, onde a abolicionista foi criada.
Com a morte do Barão, em julho de 1893, a Baronesa permaneceu residindo no prédio até por volta do ano de 1925. Depois foi morar na capital, Natal. A Baronesa faleceu no dia 13 de abril de 1933. Ela é considerada a última a ter título de nobreza do Império, no Rio Grande do Norte. Os corpos foram sepultados no cemitério São João Batista em Assú. Em 2003, a casa da Baronesa foi transformada na Casa de Cultura Popular, onde são realizados eventos culturais da cidade.
Com população estimada em mais de 58 mil habitantes, Assú fica localizada no sertão potiguar, na região conhecida como vale do Açu. Todos os anos, a data da emancipação política é comemorada com programação festiva, com atrações musicais em praça pública.
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