Quase um ano após o resgate, uma determinação da justiça decidiu que três, dos 21 cachorros que foram resgatados de uma casa no Bairro Abolição II em Mossoró/RN, sejam entregues para a mãe da ex-tutora. Ao TCM Notícia, o Instituto responsável pelos animais afirmou que irá recorrer.
O caso aconteceu em 23 de março de 2022. Após denúncia anônima de que uma mulher havia abandonado o filho e seus cachorros em casa, a Guarda Municipal foi até o local. Lá foram encontrados um adolescente de 14 anos acompanhado de 21 cães, confinados em situações insalubres, sem higiene e sem acesso à alimentação. Vídeos divulgados nas redes sociais mostravam o grande acúmulo de lixo em todos os cômodos da casa, além de fezes e urinas dos animais.
A mulher, uma psicóloga de 43 anos, foi localizada pela Polícia e presa em flagrante. Após audiência de custódia, ela foi solta para responder o processo em liberdade. Ela foi indiciada pelos crimes de abandono de incapaz e maus-tratos a animais.
Na época, os 21 cachorros encontrados foram resgatados por ONGs de voluntários de proteção e causa animal de Mossoró – Instituto Ampara, Instituto Renata Praxedes e Abrigo Mossoró. As instituições entraram na justiça e pediram autorização judicial para colocarem os cães para adoção. Ouvida durante o processo, a psicóloga concordou em colocar os animais à disposição da adoção, exceto três cachorros, que ela alega ter vínculo afetivo.
No pedido, a ex-tutora solicitou que fosse concedida à mãe dela uma guarda provisória dos cães. A justiça acatou o pedido e intimou o Instituto Ampara, ONG responsável pelos três cachorros em questão, para entregá-los à mãe da psicóloga.
O QUE DIZ O INSTITUTO AMPARA
Ao TCM Notícia, o Instituto Ampara se diz insatisfeito com a decisão. De acordo com eles, desde o ano passado há disputa na justiça sobre a guarda desses três animais.
“Fomos liberados para colocar para adoção quatro dos animais, mas esses três ela – a mãe – alegou vínculo familiar e pediu a guarda deles. Ficamos surpresos e revoltados com essa absurda decisão, já que tivemos toda a atenção, carinho e responsabilidade no cuidado deles. Eles chegaram traumatizados, doentes, inclusive, um dos animais que será devolvido é portador de Leishmaniose (Calazar), descobrimos no mesmo dia do resgate quando fomos à clínica veterinária; e fizemos o tratamento por completo. Hoje, estão saudáveis, tratados, castrados e reabilitados, prontos para ir para uma nova família”, diz o Instituto.
O Ampara teme que os cães voltem, posteriormente, à tutela da psicóloga. “A nossa intenção era encontrar um lar amoroso e responsável para cada um deles, não que eles voltassem para a mãe da antiga tutora – que, provavelmente, vai voltar para ela, já que o processo foi movido pela psicóloga e a mãe entra como responsável para assinatura dos termos necessários”.
Ainda segundo o Instituto, eles pretendem recorrer na justiça, “esgotar todas as nossas alternativas e tentaremos mudar de toda forma essa decisão”.