Hoje fui ao médico. Uma consulta regular para monitorar os labirintos. Afora as recomendações do que devo ou não comer para manter o chão no lugar, está tudo certo. Minha consulta estava agendada 10h15. Cheguei, como de costume, quinze minutos antes para não deixar o médico esperando. Iniciei minha prática preferida quando estou a esperar: observar.
Mães e filhos. Pais e filhos. Adultos e crianças. Jovens e idosos. Uns antecipados demais. Outros atrasados demais (vou dar nomes fictícios aos nossos personagens).
– Bom dia, tenho uma consulta às 10h15 com doutor Machado de Assis
– Mas senhora, são 10h30. A senhora está 15 minutos atrasada. Vou falar com doutor Machado se ele ainda pode lhe atender.
– Diga a ele que é Raquel de Queiroz, do ECC, que ele sabe quem é.
No guichê ao lado:
– Moça, por favor, há ainda quantos na minha frente para o doutor Graciliano Ramos?
– Senhor, sei que estamos atrasados em 45 minutos, vai entrar um paciente agora e o senhor é o próximo. Só mais um pouco de paciência, por gentileza.
Aquele senta, levanta. Entrega documento, coloca digital, espera o nome ser chamado na tela. A rotina das clínicas é sempre muito parecida. Gente com pouca paciência. Celulares à mão, dedinho passando na tela, o tempo correndo e a vida passando.
Na minha disciplina com horários (talvez excessiva – reconheço), imagino um mundo em que todos respeitem os ponteiros do relógio. Em que todos dediquem ao outro o compromisso que desejam receber. Naturalmente que imprevistos acontecem. Mas percebo que está um pouco em desuso essa atenção.
Cumprir horários é sinal de respeito com o tempo do outro e com o seu próprio tempo. Um segundo de atraso pode mudar o destino de uma vida inteira. Pensemos sobre isso.
Boa semana!