Por Alexandre Fonseca, com produção de Elizângela Moura.
O alimento pode até ser uma das fontes essenciais de energia para a nutrição e sobrevivência da humanidade, mas, além disso, pode ser usado também como fonte de geração de renda e recurso para o crescimento do empreendedorismo feminino em diversas frentes. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2022, o Brasil chegou a registrar 10,1 milhões de mulheres líderes de empreendimentos variados. No Rio Grande do Norte, 35% dos negócios, eram comandados pelo público feminino.
Um marco recente e esclarecedor. Afinal de contas, prova que as mudanças no cenário empresarial brasileiro, estão sim, acontecendo, no entanto, são avanços modestos. Em 2021, por exemplo, a Agência Sebrae publicou no mês de março, um mapa indicando a quantidade de mulheres gestoras de suas empresas. No país, era apontado um total de 8,6 milhões de empresárias. De um ano para o outro, 1,5 milhão de mulheres decidiram criar as suas próprias histórias no cenário empreendedor.
Na realidade local, encontramos algumas mulheres que fazem parte do casting de líderes empresariais e todas as nossas personagens, decidiram ir pelo caminho do ramo alimentício. Como é o caso da empreendedora Ravanna Dutra, que tomou uma decisão durante o período pandêmico: assumir a administração de uma cafeteria. Ravanna acreditou nas suas experiências de vida e fez a paixão pelo café, moldar o seu futuro.
“Estava trabalhando em outro segmento, com alimentação e quando resolvi sair de lá, apareceu a oportunidade. Foi no meio da pandemia e a cafeteria estava de repasse. Como já havia trabalhado com alimentação, tinha identificação com isso, conhecimento e resolvi comprar o local. Foi algo que eu queria mesmo!”, revela.
E que tal unir o cafezinho com um pão crocante? É um hábito presente em muitas famílias brasileiras e na da empreendedora Lia Castro, não é diferente. Lia não iniciou a sua vida profissional trabalhando com comida, fez faculdade de Comunicação Social e atuou na área, até que o negócio com alimentos, se tornou uma opção significativa para potenciais transformações em sua carreira.
“Primeiro que eu venho de um outro ramo. Durante dez anos da minha vida, atuei na Comunicação de Mossoró, como jornalista. Mas, chegou um momento que pensei, repensei muito e achei que estava na hora de mudar. Meu esposo é de família de panificação e a gente viu que era viável ter mais uma padaria na cidade”, conta.
Ravanna e Lia possuem algumas características em comum. São mulheres, donas dos seus próprios empreendimentos, trabalham com alimentação e são visionárias. Como empreendedoras, buscam sempre pelo aprimoramento e no caminho, encontraram o Sebrae, que oferta projetos capazes de desenvolver empresas. Programas como o “Empretec” e o “Brasil Mais”, são exemplos disso.
“Quando eu pensei em mudar, a primeira coisa que me veio à cabeça foi procurar a ajuda do Sebrae, e de fato, foi algo muito assertivo. Através deles, eu tomei um impulso. Me colocaram em contato com pessoas que nunca imaginei ter. Após o “Empretec”, busquei novas ferramentas.”, disse Lia a nossa reportagem.
Luiz Felipe Santos, trainee do Sebrae, nos explicou melhor como funciona o programa. “O ´Empretec´ é um seminário com foco em trabalhar o comportamento empreendedor. Trabalha o gestor, as suas habilidades. A gente provoca uma transformação nos negócios das pessoas. Temos realizado pesquisas e percebemos que cerca de 60% dos alunos que passaram pelo programa, relatam aumento no faturamento das suas empresas”, apontou.
“Já o ´Programa Brasil Mais´ é uma parceria com o Governo Federal e a gente trabalha a questão da produtividade e lucratividade dentro da empresa. Vinte e cinco estabelecimentos são selecionados e eles recebem um acompanhamento ao longo de quatro meses. No processo, são implementadas algumas melhorias, como redução de custo e trabalhamos a parte de inovação também.”, completa. “O Sebrae vai abrindo a sua mente e você vai pegando o jeito das coisas, a forma como você enxerga”, acrescentou Ravanna.
Mas, além de Lia e Ravanna, outras mulheres já tiveram algum tipo de contato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A empreendedora Francisca Abreu, é uma delas. Ao longo dos anos, Francisca veio se aventurando em algumas iniciativas empresariais que duraram pouco tempo e foi coincidentemente durante a pandemia, que ela conseguiu realizar o sonho de se tornar empreendedora. Foi quando abriu uma açaiteria.
“Tem dois anos que começamos a pensar na proposta de abrir um ponto de venda de açaí. A gente iniciou com um freezer emprestado, e aos poucos, as vendas foram melhorando. Fomos investindo o dinheiro e conseguimos comprar o nosso próprio freezer, aumentar a oferta de mercadorias, vender sorvetes, picolés, depois acrescentamos confeitos, salgadinho de milho e por aí vai.”, lembra.
A empreendedora chegou a receber a visita de outra trainee do Sebrae, a Rafaela Rodrigues. Na ocasião, foram lhe passadas algumas orientações de como melhorar o seu negócio. “Foi muito gratificante receber a Rafaela, pelos ensinamentos que ela me deu, me ajudou a clarear algumas ideias que eu tinha”, acrescenta Francisca.
Rafaela também nos explicou um pouco, como funciona seu trabalho dentro do Sebrae.
“Trabalhamos aqui com um projeto chamado ´SebraeTec´. É um programa de consultorias tecnológicas, que é baseado em 4 eixos principais: produção e qualidade, design, sustentabilidade e desenvolvimento tecnológico. As visitas e orientações são feitas conforme a solução aplicada ao cliente. Mas de forma geral, quando o cliente vem até o Sebrae, ele é atendido por um analista que vai ouvi-lo e identificar sua demanda e sua situação. A partir disso, é montado um plano de ação pro seu negócio com as soluções Sebrae, que se aplicam aquela realidade”, descreveu Rafaela.
E as realidades no ramo do empreendedorismo alimentício, são inúmeras. Se já apresentamos aqui negócios com café, pão e açaí, partimos agora para as castanhas. A aposta empreendedora das amigas e sócias, Adriely Cristiny e Angela Souza, que resolveram em união, abrir uma empresa jovem, como gostam de denominar. Uma empresa jovem que está se consolidando rápido, participando de exposições e feiras, pelo Rio Grande do Norte.
“Em um reencontro da vida, eu e Angela, conversando, mencionamos essa vontade de empreender e a gente começou vendendo apenas quatro sabores de produtos relacionados as castanhas. A partir disso, fomos construindo o universo da nossa marca e estamos há dois anos no mercado”, relata Adriely.
Diferente das outras empreendedoras, Adriely e Angela ainda não tiveram um contato direto com o Sebrae, contudo, estudam bastante o mercado e possuem a visão bem direcionada, quando o assunto é potencializar o crescimento do negócio. “A gente tem grande interesse de ter um auxílio prático e teórico de algum programa do Sebrae. Sabemos que o Sebrae é um grande apoiador dos microempreendedores e recentemente, o pessoal da consultoria nos telefonou, conversamos sobre algumas pautas relacionadas ao marketing da nossa empresa. A gente sabe que existem várias empresas que foram mudadas após as experiências com o Sebrae. Não vivemos isso ainda, mas, pretendemos sim, ter esse apoio.”, planeja Angela.
Assim como nossas personagens, muitas outras mulheres que iniciaram ou estão na jornada, para se tornarem as próximas empreendedoras, são os exemplos nítidos de que o panorama do empreendedorismo feminino potiguar, está muito bem representado. E estará no futuro, crescendo mais ainda, se a projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se concretizar. É esperado que a presença feminina no mercado de trabalho alcance o índice de 64,3% até 2030. Enquanto esse trajeto vai sendo construído, ficamos com as histórias inspiradoras da Ravanna, da Lia, da Francisca, da Adriely e da Angela, que com suas garras e perseveranças, mostraram que podem ser líderes e grandes mulheres, no mundo dos negócios.
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