Setembro chegou e com ele a campanha de prevenção ao suicídio: Setembro Amarelo. Desenvolvido desde 2015, esse projeto foi criado em conjunto com o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A campanha Setembro Amarelo é considerada a maior campanha anti estigma do mundo e neste ano de 2023, o lema é “Se precisar, peça ajuda!”.
Anualmente, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte no mundo, para pessoas de todas as idades, sendo responsável sozinho por mais de 800.000 mortes – o que equivale a um suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, o levantamento divulgado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, aponta que o número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 no comparativo com o ano anterior. Isso significa que, em 2022, foram 8 suicídios a cada 100 mil habitantes, contra 7,2 registrados em 2021.
Discutir sobre o suicídio ainda é visto como um estigma e tabu, o que leva pessoas que pensam em tirar a própria vida a não procurarem a ajuda necessária. Até pouco tempo, a temática sobre suicídio era evitada entre os círculos sociais, nos noticiários pouco se comentava e, no Brasil, os casos só começaram a ser notificados a partir de 2011.
Ainda hoje, o suicídio continua sendo analisado, julgado e muitas vezes criticado e condenado pela sociedade. Afinal, no senso comum se questiona: o que leva uma pessoa a pôr fim à própria vida sendo essa um bem tão precioso, um dom que deve ser valorizado?
O suicídio tem motivações variadas que podem ser divididas em quatro categorias: suicidas escapistas, que experimentam uma perda substancial e sentem-se deprimidos, envergonhados, culpados, ansiosos ou imprestáveis e veem o futuro com desesperança; suicidas agressivos, são motivados por vingança com intenção de provocar remorso nos outros; suicidas oblativos, as pessoas sacrificam a vida por uma causa maior, seja por um ideal religioso, honra ou patriotismo; suicidas lúdicos, em que ocorrem durante jogos ou testes como a roleta-russa.
Pesquisas sugerem que quanto mais grave a ideação suicida, ou seja, quanto maior a intenção e o planeamento, e quanto maior a sua frequência e duração, maior probabilidade de uma tentativa de suicídio. O fato é que ter pensamentos suicidas, fazer ameaças, tentativas ou chegar ao ato revela um colapso nos mecanismos adaptativos do sujeito, em que se busca o alívio da dor e do sofrimento.
Por ter causas multifatoriais, o importante é não julgar. As pessoas que têm pensamentos ou já tentaram suicídio precisam de suporte, acolhimento, não de julgamento. A prevenção está para além da rede de saúde, ela deve ser um movimento que engloba o biológico, o psicológico, o político, o social e o cultural considerando toda a complexidade do sujeito.
Onde buscar ajuda?
Rede Psicossocial: Unidade Básica de Saúde (UBS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Centro de Valorização da Vida (CVV): www.cvv.org.br/ 188
Pode Falar: https://www.podefalar.org.br/
Mapa da Saúde Mental: https://mapasaudemental.com.br/
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
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@leilaneandpsicologa