Na primeira vez que entrou em uma cozinha para fazer um prato, aos 9 anos, o potiguar Moisés Batista nunca imaginou que a gastronomia seria o seu futuro. Mas depois que descobriu o amor pela comida, não conseguiu mais largar as panelas.
Nascido em Natal/RN, e criado em Caiçara do Norte/RN, o chef é um dos participantes da 5ª temporada do Masterchef Profissionais que teve início na última terça-feira (19). Para conseguir chegar em um dos reality de culinária mais famosos do Brasil, Moisés teve que trabalhar muito. No início da carreira precisou vender sanduíches na rua para conseguir concluir o curso de gastronomia.
“Comecei a cozinhar por necessidade financeira, cozinhava em casa junto com meus irmãos. Eu era o mais novo, com 9 anos de idade. Nossa mãe tinha que trabalhar como lavadeira de roupas e faxineira nas casas da vizinhança e passava o dia fora trabalhando, tínhamos que nos virar de alguma forma. Essa foi minha primeira experiência com a cozinha, não sabia que anos mais tarde viria se tornar a minha profissão”, contou o chef ao TCM Notícia.
Ainda na infância, Moisés chegou a trabalhar por muitos anos na feira em Caiçara do Norte aos domingos, além de ajudar pescadores locais, no intuito de ganhar peixes e garantir a refeição do dia da família.
Com o passar dos anos a ligação com a cozinha cresceu, e ele decidiu, aos 17, sair de casa para fazer um curso de culinária em Natal. Ele e uma tia passaram muito tempo juntando dinheiro para pagar a mensalidade, para que ele conseguisse se profissionalizar. Ainda assim, os recursos eram poucos, e Moisés precisou trabalhar para conseguir se manter na capital.
“Em Natal iniciei o curso técnico de Cozinheiro profissional pelo SENAC, onde tive a oportunidade de conhecer grandes profissionais do mercado. Enfrentei inúmeras dificuldades. Durante o curso eu só estava com o dinheiro da mensalidade, não tinha dinheiro pra mais nada. Morei em albergues, morei de favor, voltava do curso a pé todos os dias pra economizar a passagem. Nesse período trabalhava nas ruas como vendedor de sanduíche natural, até finalizar o curso em 2011”, relembra.
Já concluindo o curso de cozinheiro profissional, o chef começou trabalhando como cumim de serviço e garçom em um hotel. Com seu destaque, outras oportunidades foram surgindo e com o passar dos anos ele foi crescendo aos poucos.
“Em 2014 meu trabalho começa a ser reconhecido e recebo uma proposta para chefiar um restaurante em Pipa/RN. Lá recebemos algumas premiações participando do festival gastronômico local, e me mantenho no cargo de chef por três anos, até decidir abrir meu próprio negócio, uma loja de doces e sobremesas. Porém não deu muito certo e passo a vender minhas tortas na ruas de Pipa. A rua mais uma vez me acolhe”, conta Moisés Batista.
Foram dois anos vendendo tortas na rua até receber uma nova proposta para trabalhar em um restaurante recém inaugurado. Tempos depois assumiu como chef em um segundo restaurante da mesma franquia. Atualmente Moisés atua como um dos chefs consultores que presta serviços de alta performance de processos operacionais voltados para área gastronômica, liderada pelo chef Augusto Sampaio.
MASTERCHEF PROFISSIONAIS: A OPORTUNIDADE DE UMA VIDA
Tantas dificuldades ao longo da vida de certa forma transformaram Moisés Batista em uma pessoa pronta para encarar desafios, e principalmente, em alguém que não desperdiça oportunidades. Foi assim que o Masterchef Profissionais cruzou a história do potiguar.
Foram dois meses de provas e entrevistas, em um processo seletivo com 400 mil inscritos, até que ele fosse selecionado entre os 14 participantes da 5ª edição do programa. “Nunca havia participando de um programa com repercussão como o Masterchef. Estou me preparando para esse momento há anos. Sem sombra de dúvidas está sendo uma das melhores experiências que já tive na vida! A oportunidade de vivenciar na prática e trocar informações importantíssimas para uma carreira profissional, elevando meu conhecimento para poder dividir com outras pessoas que tem os mesmos sonhos que eu”, diz.
Para o chef, a oportunidade de participar de uma competição nacional é também uma forma de mostrar a força da gastronomia nordestina.
“É uma quebra de paradigma para mim mesmo e para a sociedade que ainda menospreza o nordestino. Serei a voz e força do meu povo, o sonho dos que não tem oportunidade”, afirma.
A expectativa dele é, além de aprender e se aperfeiçoar durante a competição, mostrar para o Brasil a sua essência e assim abrir portas para pessoas que gostem e queiram investir no seu trabalho, e quem sabe, realizar o sonho do restaurante próprio.
“Quem sabe abrir meu próprio restaurante, criar minha marca pessoal, abrir uma franquia de alimentos convencional de fácil acesso para todos as classes sociais. Ou até criar meu projeto social comunitário de escola gastronômica para as crianças e jovens que não tem oportunidade. Gostaria de fazer diferente do que foi comigo”, diz Moisés Batista.
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