“O que resta de grandeza para nós são os desconheceres”. Anotei essa frase do poeta Manoel de Barros desde a sexta-feira passada. Pertence a seção 8 do Retrato do artista quando coisa. Ela ficou quase a semana inteira me olhando de lado. No plantão da terça de Carnaval tentei começar a escrever. O texto não fluiu. Perambulei pelas linhas e sentei no ponto final das minhas limitações. Gostei de estar lá.
Como é importante se perceber pequeno. Descer até o fundo da nossa insignificância. Lá me encontro com a prosa poética de Barros e abraço todo o sentido da magnitude dos desconheceres. Não saber nos faz mais humildes. E a humildade é grandeza áurea em tempos tão desafiadores.
Não saber, nos permite ser tão somente quem somos. Sem tantos filtros. Sem tantos ajustes nas fotografias. O não saber nos faz mais próximos de nós mesmos. Como é libertador por vezes não saber. E poder simplesmente ser. Cantar. Sorrir. Dançar. Falar das importâncias e desimportâncias sem se preocupar com títulos, diplomas, marcas de roupas ou modelos de carros.
Apenas ser. E desconhecer.