A solidão é um sentimento. A solitude é uma escolha. Com essa premissa, quando saber se uma delas é boa e a outra é ruim? Precisamos cultivar uma e execrar a outra? É sabido que o ser humano é social, precisamos viver em sociedade para desenvolver habilidades, interagir e ter um bom desenvolvimento.
Há mais de 80 anos, a universidade de Harvard, nos Estados Unidos, realiza uma pesquisa empírica acompanhando mais de 700 pessoas desde a adolescência até o fim da vida. Os dados coletados até então revelaram que as pessoas mais satisfeitas com a vida são aquelas que possuíam as melhores relações interpessoais. Esse envolvimento saudável as ajudou a enfrentar situações adversas e a lidar da melhor maneira possível com os problemas.
A solidão é um sentimento desagradável de isolamento, de falta de companhia e o fato de estar sozinho não é algo que depende de você. Por exemplo, sentir-se excluído. Já na solitude, não há o sentimento de exclusão, pois estar sozinho partiu de uma decisão própria. Por exemplo, mesmo tendo com quem conversar, você prefere tirar um tempo para você mesmo.
Outra diferenciação entre as duas é que a solidão traz sofrimento, abala a autoestima e pode ocorrer pensamentos do tipo “eu não valho nada”, “eu não sou amada por ninguém”. A falta de uma rede de apoio, de sentir-se pertencente na vida de alguém, pode levar, ao longo do tempo, ao adoecimento mental, como o desenvolvimento de depressão e transtorno de ansiedade.
Por outro lado, a solitude é como um momento que você tira para si mesma, seja para refletir sobre a vida ou autocuidado. Demonstra dependência, autonomia e amor-próprio, afinal, é uma forma de apreciar a própria companhia e não depender de ninguém para sentir-se bem.
A pessoa solitária sente um vazio que precisa ser preenchido por alguém, há necessidade do cuidado, do carinho, do conforto que outra pessoa pode dar. Por não se sentir acolhida ela pode ter o comportamento de isolar-se e tudo e de todos. A solidão está muito relacionada com a falta de relações de qualidade.
Na solitude acontece o oposto disso. Ela renova as energias boas, estimula o autoconhecimento, a confiança, a disposição, a atenção concentrada. Se praticada com moderação, é uma maneira de ser mais feliz.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
@leilaneandpsicologa