Se for traduzido para o português, bullying significa assédio, perseguição, intimidação. Embora seja um termo originário da língua inglesa, ele também é conhecido e utilizado no nosso dia a dia, principalmente no ambiente escolar.
A configuração do bullying se dá a partir de comportamentos agressivos que ocorrem em situação desigual de poder, onde as vítimas não conseguem se defender. Assim, o bullying é um tipo de violência que ocorre repetitivamente, intencionalmente (o ato é uma escolha do indivíduo) e que causa sofrimento físico, psicológico ou moral à vítima.
Segundo a cartilha temática do Conselho Nacional de Justiça (2010), o bullying pode ser verbal (insultos, ofensas, apelidos pejorativos, falar mal, “zoação”); físico e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar, destruir pertences da vítima); psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar); sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar); virtual ou ciberbullying (bullying que ocorre por meio da internet, celular, filmadoras etc.).
Muitas vezes, o bullying está encoberto por uma “brincadeira” ou “zoação” e se deixa passar, afinal, são crianças e adolescentes e eles estão só se divertindo. O problema é que nem sempre é uma atitude saudável e de fato compromete o sentido de diversão, passando a causar algum tipo de sofrimento para a pessoa, como vergonha ou constrangimento.
Como identificar que uma pessoa está sofrendo bullying? Alguns sinais são: mudanças comportamentais, isolamento social, baixa autoestima, baixo rendimento escolar, não querer ir para a escola, estresse, ansiedade, agressividade, irritabilidade, passividade, distúrbios alimentares e de sono. Em casos mais graves, a vítima pode desenvolver fobias, depressão, desejo intenso de vingança, ideação suicida.
Os motivos que levam uma pessoa a praticar o bullying podem estar relacionados ao contexto sociocultural, a motivações pessoas e também a dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais, ocasionando em prejuízos no convívio em sociedade.
Seja agressor, vítima ou testemunha, todas as pessoas estão envolvidas, pois o ciclo do bullying está para toda a comunidade escolar – leia-se alunos, família, funcionários da escola. Independente do papel que ocupa, todos são vítimas do ciclo de violência velada e é preciso agir preventivamente.
É importante lembrar que é dever de toda a sociedade, sobretudo dos adultos, garantir o direito ao respeito, à liberdade e à dignidade de toda criança e adolescente e também protegê-la de qualquer forma de violência, seja ela física, psíquica ou moral.
Espera-se que a escola seja um agente transformador, um local de formação integral do indivíduo, propiciando a reflexão sobre valores fundamentais como os valores humanos, o respeito às diferenças e o estímulo à convivência cooperativa e em coletividade. É preciso, pois, levar situações de bullying para o centro das discussões da comunidade escolar, partilhando as responsabilidades entre todos os envolvidos.
O bullying se combate principalmente com prevenção, com práticas rotineiras, não apenas quando se detecta uma ocorrência. A escola deve ser cada vez mais atuante, fortalecendo as condutas positivas e de pacificação e coibindo as práticas negativas.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
@leilaneandpsicologa