Cada dia mais cedo as crianças estão expostas às telas, seja celular, tablet, computador ou televisão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que até os 2 anos de idade, a criança não tenha contato com nenhum tipo de tela. Até os 8 anos, a exposição deve ser de apenas uma hora por dia.
O alerta sobre o uso excessivo de telas vem da neurociência que estuda amplamente os impactos disso no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Isso pode ter efeitos negativos na vida desses jovens no futuro, pois as consequências vão desde a perdas de habilidades sociais – interações interpessoais e comunicação, de autoconhecimento às questões emocionais.
De acordo com a neurociência, crianças e adolescentes ainda têm o cérebro imaturo, principalmente na área do cérebro chamada de córtex pré-frontal que é responsável pelas funções executivas, ou seja, o controle de impulsos, a capacidade de planejamento, tomada de decisões, atenção, memória, raciocínio. Os prejuízos nas funções executivas levam a maior impulsividade, agressividade e problemas de comportamento social.
Entre os sinais que indicam a dependência das telas pela criança ou adolescente está a presença de irritação e ansiedade quando está longe do aparelho, privação do sono e evitação de interação social preferindo ficar no aparelho a fazer algo ao ar livre.
E o que os pais podem fazer para orientar sobre o uso consciente e evitar problemas de ordem mental e comportamental em seus filhos? Além de supervisionar o conteúdo consumido por eles, a primeira coisa a ser feita é limitar o uso, estabelecendo regras claras sobre o tempo de exposição, não esquecendo que a regra também deve servir para o adulto.
Nessa hora de estabelecer a nova regra, chame os filhos e negociem com eles e cheguem juntos a uma solução. Não se trata de retirar 100%, mas negociar a redução do uso.
Também deve-se oferecer opções de atividades para substituir o aparelho. Dentre as atividades, é importante os próprios pais se incluírem e se colocarem entre as opções disponíveis, seja conversar com a criança e adolescente, planejar algo juntos e executar, estimular alguma habilidade (pintura, desenho, leitura, esportes, música, instrumento musical).
Além disso, é possível criar juntos uma listinha de coisas que vocês gostariam de fazer juntos, como ver filmes, jogar algum jogo de tabuleiro, montar quebra-cabeça etc. O mais importante diante dessa questão é ter uma atitude hoje para evitar prejuízos a longo prazo.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
@leilaneandpsicologa