Que bom seria se houvessem manuais ensinando como ser pais e cuidadores/as. Mas, eles não existem. Criar e educar uma criança não é como receita de bolo. Cada lar é único, cada ser que chega ao mundo é único. Antes de ser pai, mãe, cuidador/a você foi uma criança e adolescente, já esteve lá naquele papel de aprendizado, descobertas, desenvolvendo suas próprias habilidades sociais e comportamentais.
As crianças costumam crescer tomando os pais ou alguém de referência como espelhos. É através do espelhamento que elas desenvolvem e aprendem, assimilando as informações captadas no ambiente. Estudos na neurociência indicam que a interação entre pais e cuidadores com crianças e adolescentes estimulam o desenvolvimento cerebral, o crescimento emocional e a aprendizagem, além de representarem um grande passo para a felicidade.
A vida adulta atribulada com muitas responsabilidades pode ser justificativa para alguns pais e cuidadores/as não dedicarem tempo suficiente para orientar e estarem mais presentes para os filhos. Entretanto, se perdem oportunidades valiosas de conexão com as crianças e adolescentes, que buscam nos aparatos tecnológicos um refúgio.
Diante dessa invasão da tecnologia nos relacionamentos interpessoais dentro de casa, encontra-se filhos com menos habilidades de interação social, desregulados emocionalmente, carentes de atenção e afeto, sem limites, agressivos e desobedientes, causando uma desestruturação familiar.
Via de regra, os pais desejam que os filhos cresçam em segurança, organizados, responsáveis, nutridos de autoestima, confiança e preparados para lidar com as dificuldades e desafios impostos pela vida. Porém, o que você, pai, mãe, cuidador/a, tem feito para se vincular ao seu filho e criar experiências que realmente ajudem e prospectem suas crianças e adolescentes para o futuro?
Não se trata de ser um superpai ou uma supermãe. Essas figuras estão no imaginário e na idealização. Comece observando o tempo dedicado ao seu filho/filha. Lembre-se que a qualidade do tempo é mais importante que a quantidade de tempo disponível. Situações adversas nas relações sempre vão existir, mas é preciso encará-las também como oportunidades de aprendizado, utilizando sempre como base o diálogo e o respeito. Aproxime-se, estabeleça conexões reais com sua criança e seu adolescente.
Leilane Andrade
Psicóloga e Jornalista
CRP 17/6253
@leilaneandpsicologa