Olá, caras leitoras e caros leitores!
Depois da coluna de apresentação, vamos aos escritos do cotidiano. Meu compromisso com esta coluna é divagar. Tornar verbo o pensamento e escrever. Gosto de exercitar a escrita e neste espaço vou tornar públicos alguns desses momentos. Escrever nos faz mais próximos de nós mesmos. Por vezes dos outros. Vamos ao devaneio desta semana.
Costumo correr regularmente. Distâncias longas em alguns dias. Numa dessas corridas, no ritmo dos passos, eu vagueava pelo pensar sobre o quanto nossas vidas podem ser limitadas. Temos uma vida que transita entre a realidade e o imaginário. Tantos pensamentos, tantos sentimentos. Segredos que não compartilhamos. Há muito em cada ser humano. Há muito mais ainda guardado. No coração, na mente, no corpo. Tudo lá, no relicário do que não foi dito.
Entendo que as crianças são mais felizes porque não têm filtro. Dizem tudo o que pensam e sentem. São verdadeiramente autênticas. Pergunto-me quando, na nossa caminhada, perdemos essa autenticidade? Talvez os anos, os danos, as dores… Os amores, desamores, (dis)sabores. Vamos vivendo apenas aquilo que pode ser dito, que pode ser visto. Alguns levam quase uma existência virtual. Jogando consigo mesmos.
Ganhando, quando nos atiramos.
Perdendo, quando o pensamento não vira ação.
Naturalmente que nem tudo o que passeia em nossa mente pode virar uma frase, mas o “muito” vira não dito. E assim a grande maioria das pessoas vai caminhando. Sendo apenas partes de si mesmas. No máximo, extraindo confissões num caderninho, rascunhos no email, diálogos imaginários.
Nesse caminhar, às vezes somos agraciados com oportunidades de dizer. De tornar fala o pensamento. De expor as fraquezas, as proezas, as belezas que habitam em nós. Acredito que são poucas essas chances. Mas elas acontecem. E são lindas. Que possamos estar atentos a estes instantes. O momento certo de dizer não volta nunca mais.