Vamos aos devaneios desta semana.
Sexta-feira passada fui ao médico. Uma visita regular ao otorrinolaringologista. Fui ver como andam os meus cristais. Vez por outra ficam desalinhados e me causam episódios de tonturas. Está tudo em ordem. Pois bem, na sala de espera eu zapeava o instagram. A rede social é tão potente que catalisou até a criação de um adjetivo: o “instagramável”. Nos poucos minutos em que aguardava fiquei divagando sobre esse tema. Como as redes impulsionam esses “padrões” e induzem a tantos julgamentos precipitados. Importante que estejamos atentos a isso. O que somos na verdade não pode ser capturado pelas lentes da câmera do celular. Somos gigantes. As palavras não nos comportam.
As bundas, peitos e coxas
As curvas desnudas, expostas.
São lindas,
são apostas.
Já as sinuosas palavras
Nem sempre têm atenção.
Por vezes ignoradas,
Outras tantas descartadas,
Sem qualquer exposição.
O corpo é mesmo raro,
E causa boa impressão.
Mas a pele, o sexo, a carne
Não revelam o coração.
Se engana quem tem sede,
Quem deseja a sedução.
A alma transcende o corpo
E faz eco na canção.
Está nas entranhas das linhas,
Nos rabiscos do papel.
No copo seco na mesa,
Nas preces que vão para o céu.
Até a próxima segunda-feira.
moises@tcm10.com.br