Até ontem, 4 de janeiro, continuava a ouvir a frase “feliz ano novo”. Os desejos prorrogados de um 2024 próspero me fizeram pensar sobre os clichês dessa época. Clichês, mas sempre necessários. Quando os últimos fogos de artifício se dissipam no céu e os relógios marcam a passagem para um novo ciclo, surge diante de nós a página em branco de mais um ano. É como se o tempo, em sua incessante jornada, concedesse um momento de pausa, um instante de reflexão diante do limiar de um novo começo. Sempre me emociono nesse momento. É algo íntimo e poderoso.
O primeiro minuto de um ano é como um portal que nos convida a contemplar o que passou e a vislumbrar o que está por vir. É um convite para mergulharmos nas águas profundas das nossas memórias, revivendo os momentos marcantes, os desafios superados e as lições aprendidas (aprendemos?). É também uma oportunidade para examinarmos as escolhas feitas, as trajetórias percorridas e os caminhos que nos trouxeram até aqui.
No entanto, além de ser um mero registro no calendário, o início de um novo ano carrega consigo um simbolismo de mais densidade. É um lembrete de que, apesar da linearidade do tempo, somos seres em constante transformação, capazes de reinventar a nós mesmos a cada novo amanhecer.
Emerge, então, a questão filosófica que nos acompanha nesse momento de transição e que vez por outra acaba voltando aos meus textos: o que faremos com esse tempo que se desdobra diante de nós? Como escreveremos as novas páginas que agora se abrem em nossas mãos?
Agora (no instante nascedouro desse texto) são 5 horas e 10 minutos. Sobre duas rodas, cortando o vento, atravessava há pouco a madrugada pensando nisso. À medida que o ponteiro avança e o sol desponta no horizonte somos confrontados com a responsabilidade e a liberdade de esculpir nosso próprio destino. O ‘ano novo’ é um convite para a criatividade, para a coragem e para a esperança.
Não há como entregar essa escrita a outra pessoa. Somos nós os autores e protagonistas. Podemos nos aventurar por caminhos já conhecidos, mas também podemos explorar territórios inexplorados. Nas linhas que preencheremos neste livro há, contudo, o equilíbrio delicado entre nossos desejos e as responsabilidades que carregamos. É necessário discernimento para cultivar sonhos.
Feliz ano novo!