Levantei hoje antes do despertador. Também, pudera, ontem adormeci pouco depois das 20h. Não que isso seja uma novidade. Sempre acordo com o céu escuro e testemunho em quase todos os dias do ano as cores do amanhecer. A coluna não é sobre isso, mas sobre Belchior, música, passado e futuro.
Regando minhas plantinhas (como faço diariamente antes de sair para o trabalho) me peguei assobiando uma canção do meu conterrâneo Antônio Carlos Belchior, conhecido no mundo da MPB como Belchior. Soprava leve pelos lábios a melodia de “Velha roupa colorida”. Só agora à tarde, antes de escrever, me veio essa memória.
É curioso como de repente um pensamento encontra suas conexões. Como num passe de mágica surgiram em minha frente stories falando sobre o passado, posts com releituras, tweets com essa canção. Que eu saiba o microfone dos smartphones ainda não aprendeu a ler a mente. Será?
Enfim, se já aprendeu, paciência. Sigamos com minhas divagações de hoje.
Na letra de Belchior, ele escreveu “no presente a mente, o corpo é diferente. E o passado é uma roupa que não nos serve mais”. Os versos do músico cearense nos revelam um pano de fundo para tantas reflexões. Em muitos aspectos. Na nossa jornada pessoal, afetiva, social, cultural, política.
Vez por outra me pego pensando sobre isso. Sobre o passado. Sobre quem eu era. Que roupa eu vestia. É gostoso perceber que hoje sou mais feliz comigo mesmo. É estranho perguntar a si mesmo “como eu cabia naquele lugar?”. Mas ao mesmo tempo é confortante entender que tudo faz parte do caminho. Compreendo como muito saudável essa prática de refletir sobre si mesmo. Com gentileza, é claro. Dedico longos quilômetros a estes pensamentos e confesso que é um agradável mergulho no próprio oceano. Penso que muitas pessoas devem fazer o mesmo. Se não o fazem, deveriam.
Não dá pra voltar a fita do tempo. Mas é sempre importante resgatar os dias que mudaram nossa vida. As descobertas e vivências que fizeram nossa frequência cardíaca disparar. Aqueles desafios que nos apontaram novos caminhos. Novos mapas a serem desbravados. E, sobretudo, para onde não devemos voltar.
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