O encontro de três mulheres potentes que resolveram afrontar o machismo através da arte. Surgida em 2019, a banda mossoroense CoisaLuz tem como missão levar uma mensagem de força e coragem às mulheres.
Composta por Bianca Cardial, Dayanne Nunes e Flávia Fagundes, a CoisaLuz surgiu de forma despretensiosa. Bianca e Dayanne já desenvolviam trabalhos juntas quando receberam um convite para cantar em uma feira de economia solidária feminina. Aproveitaram a oportunidade para chamar Flávia para acompanhá-las na percussão.
A união deu tão certo, que elas decidiram que aquele poderia ser o primeiro, mas não seria o último encontro das três. O início não foi fácil, principalmente por causa da pandemia. “No início tivemos muitas dificuldades para continuar o trabalho por conta da pandemia que aconteceu em seguida. Mas atravessamos o período pandêmico produzindo, compondo, com lançamento de trabalho autoral, atividades on-line, clipe e em 2022 voltamos aos palcos”, conta Flávia Fagundes.
Um dos grandes diferenciais da banda é o trabalho autoral voltado principalmente para o público feminino. O primeiro álbum intitulado Afroameríndia conta com seis músicas que falam sobre ancestralidade, machismo e racismo.
“A construção das músicas se dá sempre de forma coletiva e colaborativa entre nós. Falar sobre racismo, machismo, ou qualquer outro tipo de opressão, falar sobre violência contra a mulher, relacionamentos abusivos, e trazer nossa ancestralidade como ponto de partida dessa discussão faz da CoisaLuz não apenas uma banda, e sim, um movimento pela vida das mulheres. É força, é encorajamento, é resistência, é acolhimento, é arte, é Luz”, afirma Flávia.
“A gente tem como missão levar uma mensagem de força e coragem às mulheres e a todas as pessoas que estejam abertas a ouvir e receber o nosso som. Nosso maior objetivo é ser porta voz de todas aquelas que são silenciadas ou porventura não são ouvidas.”, diz Dayanne Nunes.
Atualmente a banda segue trabalhando em projetos autorais e investindo em apresentações. Participaram, por exemplo, do Festival do Sol e no Mossoró Cidade Junina. Aos poucos elas vêm conquistando seu espaço no cenário musical potiguar, um desafio ainda maior quando se é mulher.
“Ser mulher dentro do contexto patriarcal é lidar diariamente com a desigualdade, com a repressão dos nossos direitos e tendo que provar a todo momento que somos capazes. Eles esquecem que parimos o mundo… O que nos motiva a continuar é o amor pela arte, a necessidade de lutar para resistir, a urgência de ser pelos nossos”, exclama Dayanne.
No dia 3 de março CoisaLuz lançou seu novo single, chamado Sanguessuga. A música divulgada no mês dedicado às mulheres fala sobre a força feminina passada de mulher para mulher.
“Sanguessuga é um grito de dor, mas também de libertação. É um chamado pra que entendamos que podemos sobreviver, podemos viver, e que tudo passa e a gente se cura”, fala Dayanne.
União, arte, feminismo, fazem parte do dia a dia da CoisaLuz. Para elas, não só o Dia Internacional da Mulher, mas todos os dias são de luta pela liberdade.
“Dia da mulher é dia de Luta. Ponto. É dia de celebração por todas as conquistas, claro, mas é, sobretudo, o dia de reforçar a necessidade de destruição do sistema estrutural patriarcal. Todas as lutas são secundárias enquanto mulheres estiverem sendo mortas, agredidas abusadas e assedias sexualmente, apenas pelo fato de serem mulheres”, finaliza Bianca Cardial.
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