Por Alexandre Fonseca
Você conhece Baía Formosa? A cidade litorânea, a 100km da capital Natal/RN, é descrita como a terra do surfe. Em 2021 ganhou destaque nas redes sociais e impressa mundial pela vitória do surfista profissional brasileiro Ítalo Ferreira, nascido no município, como primeiro campeão olímpico da história da modalidade.
Mas para além dos projetos sociais esportivos, da cultura do surfe, Baía Formosa possui vários outros atrativos turísticos, como mirantes, paisagens paradisíacas, cultura do crochê, da vida marinha e gastronomia, por exemplo. A cidade recebe, anualmente, um evento cultural importante para a disseminação do audiovisual potiguar: o Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa, o FINC.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE BAÍA FORMOSA (FINC)
Em 2023, o Festival, que é tradição em Baía Formosa, chegou à 14ª edição. O FINC é realizado de forma independente em todo o Nordeste e denominado como um dos ambientes de promoção à cultura audiovisual potiguar. Durante os dias 1 e 2 de dezembro, 80 filmes potiguares/nacionais foram exibidos no telão do evento para o público da cidade praiana e de gente que veio de diversos estados do País.
Ao longo dos anos, a iniciativa passou por algumas mudanças, tanto administrativa como estrutural. Prova disso é o cenário escolhido para a 14ª edição do FINC. O Festival foi montado na parte interna da Fazenda Estrela, titulada como Arteco Camp. Um local com atmosfera de camping – arborização com muita brisa das águas do mar.
Durante a mostra, algumas ações foram ofertadas para o público: exposição de motorhomes, feira de artesanato, orientações do projeto Cetáceos, do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), apresentações musicais, festival de pipas e ações ambientais. A ideia era construir um universo cheio de informação que fosse possível interagir e desenvolver uma sessão de cinema em meio à natureza.
“O FINC, na verdade, segue em constante transformação. Não existe um modelo que se repete todo ano. Já aconteceu dentro de um hotel, já aconteceu no mirante, na praça e estamos experimentando na Fazendo Estrela, como uma forma de trazer a população de Baía Formosa para este espaço. Tem haver também com colocar o pé na areia, por ser uma cidade praiana, então, o pessoal vem pra cá, assiste ao filme, com um clima agradável”, conta Diego Alves, um dos organizadores do Festival.
A PRODUÇÃO AUDIOVISUAL MOSSOROENSE
O Festival Internacional de Baía Formosa é uma vitrine para produções audiovisuais de diversos lugares do País, ao mesmo tempo que gera oportunidade para a seleção de filmes/curtas locais e nordestinos. Wigna Ribeiro, produtora audiovisual mossoroense, teve dois curtas exibidos nas noites do FINC. Pela primeira vez conseguiu ir presencialmente e conhecer a estrutura do local.
“Tem muito tempo que acompanho o Festival. Em 2022 foi o primeiro ano que tive oportunidade de participar; não pude vir presencialmente, mas este ano fiz esforço pra vir e estou feliz pelos dois filmes selecionados em duas categorias. Feliz também por conhecer o espaço, a organização… Não tem só cinema, tem integração de arte, comércio local, o Sebrae está aqui também. Não estou sozinha representando o audiovisual mossoroense e é uma oportunidade de trazer um pouco da arte de Mossoró, circular o estado todo”, revelou.
VOLUNTARIADO
Na parte organizacional, o FINC conta com muitas mãos, várias delas dos próprios nativos, os formosenses. Eduarda Soares esteve como voluntária do Festival pelo segundo ano consecutivo. Para ela, cada ano de experiência lhe proporciona novos aprendizados. “Conheci o FINC através das minhas primas que participaram. É a segunda vez que faço parte, fiquei responsável pela organização do transporte, do ônibus que vai pra cidade, buscar os moradores para o Festival. No ano anterior, fiquei com atendimento ao público. É uma experiência muito boa, você faz novos amigos, muito boa mesmo”, disse.
PREMIAÇÃO
A 14ª edição da mostra competitiva teve um público estimado em mais de duas mil pessoas, nos dois dias de evento. Após a exibição dos 80 filmes, a premiação aconteceu no palco com entrega de troféus. A professora Kilma Batista, natural de Baía Formosa, foi a grande vencedora da 14ª edição do FINC com o filme “Minhas raízes”, conquistando o primeiro lugar na Categoria “Curtas de 1 minuto – Meu primeiro filme”.
O filme “Minhas raízes” é uma obra que retrata a trajetória da família Pereira da Silva por meio do Sr. Cicero Pereira – um pescador que teve dois filhos. Um deles é Cidclei que aprendeu muito com os ensinamentos do seu pai: fazer redes, pescar e brincar de pipa. Professora da rede pública de ensino, ela produziu o roteiro baseada em fatos reais e tendo como cenário Baía Formosa. O 2º lugar na categoria Curtas de 1 minuto ficou com o filme “Calunga Big Rider” de Ana Carolina de Natal/RN e em 3º lugar, “Herança” de Rafael Brandão da cidade de Pouso Alegre/MG.
Nessa categoria, todos os filmes precisavam seguir o tema “Retrospectiva”. “Escolhemos o tema retrospectiva, pois o Festival já possui 14 anos de história, agora, especificamente está passando por algumas mudanças e seguiremos com ajustes. Estamos relembrando, fazendo uma retrospectiva de tudo que já foi e com uma esperança de tudo o que ele pode se transformar”, explica Diego.
Já na categoria Mostra Potiguar, a cineasta potiguar Lívia Motta venceu com o filme “Colchão D’água” e na Pérolas do RN “Carnaúba dos Dantas: Terra do Monte do Galo”, de Gabriel Victor foi consagrado vencedor. Todos os filmes vencedores receberam troféu e os dez melhores da categoria “Curtas de 1 minuto – meu primeiro filme” vão ser exibidos em abril de 2024 no Festival OFF Câmera, na cidade de Cracóvia, na Polônia.
Por mais um ano, Baía Formosa recebeu público diverso para acompanhar um evento expressivo que faz parte do calendário anual do município. Como papel principal, o FINC seguirá modificando a vida de muitos, sobretudo, dos produtores audiovisuais iniciantes que são incentivados a criarem suas produções com os meios que tiverem à disposição.
“Me inscrevi no Festival em 2016, como candidato na categoria principal, venci e tive minha vida transformada profissionalmente por causa disso e hoje estou na organização. Contar essa história por si só já é suficiente pra mostrar que é possível seguir no audiovisual, que é possível acreditar nos seus sonhos e fazer o que ama”, completa Diego.
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