O mês de junho registrou o menor Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. De acordo com os dados, a deflação foi de -0,23%. Registrando a maior variação entre um mês e outro, de -0,8%. O TCM Notícia conversou com o economista Emanuel Márcio, para entender como a deflação afeta a vida da população.
“Uma das causas da deflação, e a mais recorrente, é a crise econômica. Internamente é quando o desemprego é elevado e por existir menos renda circulando os consumidores compram menos, ficam endividados e muitas vezes inadimplentes sem acesso a crédito para poder comprar, forçando empresas a reduzirem seus preços”, explica.
Desde 1980, a maior deflação registrada foi em julho de 2022, quando o índice caiu -0,68%. No ano de 2023, o IPCA acumula alta de 2,87% e, nos últimos 12 meses, de 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
“Além disso, quando estamos em uma retração da economia, a exemplo do que estamos vivendo, a política monetária restringe ainda mais o crédito aumentando ou mantendo elevada a Taxa de Juros (atualmente em Selic de 13,75%), o que torna o dinheiro mais caro e o acesso cada vez mais difícil e inviável para obter empréstimos”.
Esse cenário afeta diretamente o mercado, são quando as pessoas não compram carros, geladeiras, não fazem financiamento de casa, o economista explica que “tudo passa a ficar mais lento”.
“E externamente é quando o preço relativo das commodities (soja, café, algodão, carne, minérios) entram em queda, forçando também a redução de indicadores, a exemplo do Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM), que está atrelado ao dólar e é o que reajusta contratos de aluguéis e vários produtos internamente”, conta Emanuel Márcio.
O que motivou a deflação?
“Ela foi puxada pela queda nos preços dos grupos alimentos e bebidas de -0,66 e dos transportes de -0,41, onde os dois grupos têm um peso de 42% na formação do índice do IPCA, que é o principal indicador oficial de medir a inflação. Abre-se, desta forma, perspectivas para desaceleração da inflação iniciada desde o mês de fevereiro de 2023, e a taxa Selic na reunião prevista para agosto do Copom deve iniciar a baixa gradativa da taxa Selic entre 0,25 a 0,50%, de forma que até o final de 2023 possa fechar o ano com uma Selic entre 11,75 e 2.25%, com vistas a destravar o crescimento econômico e estimular a geração de emprego e elevação da renda no sentido inverso”.