Por Taysa Nunes.
Eu comprei uma máquina de costura. Bom, quase comprei, porque recentemente minha avó me presenteou com uma. Imagine como fiquei feliz! É uma máquina Singer Zig Zag 247, doméstica. É antiga, provavelmente dos anos 1990, com marcas de manuseio e do tempo, mas bem conservada. Recebi de uma amiga que pediu gentilmente para que eu cuidasse da peça que pertenceu a mãe.
Eu sempre quis aprender a costurar – é uma daquelas paixões antigas que guardamos no fundo do coração, mas que, por falta de tempo, nunca levamos adiante. Então por que não me arriscar depois de tantos anos? Como tenho a vontade e a máquina em mãos, o que falta mesmo é o segundo passo nas aventuras: abrir uma casa de botão numa camisa ou costurar um zíper. E quem poderia ser a minha primeira professora? Minha avó, claro!
Aos 79 anos, minha avó ainda é uma costureira de mão cheia – costura, praticamente, desde que se entende por gente. Por esse motivo, o encorajamento para que eu consiga fazer as minhas próprias roupas também. Zulmira Nunes é o nome dela. Uma senhora baixinha, de cabelo cacheado, que hoje em dia anda com certa dificuldade por causa da idade, mas a condição não a impede de costurar diariamente. As mãos são habilidosas e rápidas. É vaidosa e coleciona uma porção de roupas – às vezes feitas do zero, às vezes modificadas a partir de outras peças (como calças, saias ou shorts. A criatividade é quem manda).
A conversa sobre quando começou a costurar surge numa tarde quente e abafada de quarta-feira. São quase 17h e tomo meu café com uma tapioca de queijo. Ela enxuga um prato e diz que as aventuras pela costura começaram por volta dos 10 anos com uma tia chamada Josefa, na casa do avô – e onde também morava. Debaixo da máquina de costura da tia, recolhia os retalhos para fazer roupinhas de boneca. Foi ali que a paixão deu os primeiros indícios. Quando a tia casou e foi embora, ela precisou se virar: achou uma antiga máquina de costura de mão da falecida avó, por volta dos 14 anos. “Não sei onde essa máquina foi parar”, ela reflete.
O desejo de aprender era grande. Os planos de comprar uma máquina foram traçados. “Eu criava porcos, galinhas… Tudo na casa do meu avô. Era como juntava dinheiro”, explica. Por muitos anos, minha avó morou em Santa Maria – comunidade rural de Santana do Matos, região Central do Rio Grande do Norte. Certo dia, um senhor de Currais Novos, município localizado no Seridó do estado potiguar, passou com uma máquina de costura Singer em frente de casa. “A máquina custou 70 cruzeiros. Era mais cara. Eu não tinha o dinheiro completo, mas o senhor que me vendeu deixou por esse preço”. A primeira máquina, que a minha avó tem até hoje, veio aos 17 anos. Ela é preta, daquelas que não precisam de energia, cuidada com muito esmero e carinho. O vendedor surgiu como um meio para o objetivo.
Minha avó casou com o meu avô Manoel aos 22 anos em 1966 – ela confeccionou as roupas do casamento, porque naquela idade já sabia fazer de tudo. “Pra ele foi uma calça cinza e uma camisa da mesma cor… Tudo de linho. Pra mim foi um vestido lilás… Uma corzinha assim”, a memória volta ao passado. Meu avô faleceu em 2019. A minha avó me presenteou com algumas das roupas dele que, com o tempo, foram adaptadas para o meu corpo por ela mesma.
“Eu ganhava muito dinheiro costurando, mesmo que naquela época não fosse tanto”, ela me chama ao quarto para me mostrar algumas das roupas que costurou. Retira do guarda-roupa peça por peça para detalhar o que fez. “Na minha sala tinha uma corda cheia de roupas do ‘povo’ pra conserto. As roupas prontas eu colocava em cabides”, enfatiza e aponta uma ponta da parede à outra do quarto. “Eu ia pro roçado de manhã, colhia feijão verde e cuidava dos afazeres de casa quando chegava. Da tarde pra noite pegava nas roupas, com uma lamparina do lado”, a energia elétrica chegou no início dos anos 2000 no sítio onde morou.
Por muitos e muitos anos costurou as roupas dos meus pais. Os olhos brilham quando retornam ao passado para falar da costura. Costumo dizer que minha avó é autodidata. Aprende tudo sozinha só de bater o olho. Costurar é apenas uma das inúmeras tarefas que consegue fazer. Nunca foi alfabetizada, porém é uma das pessoas mais inteligentes que conheço. A vida no sertão começou com o raiar do sol e o cantar do galo, mas foi na costura que ela encontrou uma forma de ser independente.
A história da minha avó vai ao encontro do caminho de muitas outras pessoas que andam pelo mesmo percurso. É o passado e o presente que se cruzam. Heloisa Rocha, de apenas 27 anos, também é natural de Santa Maria, em Santana do Matos. Começou na costura em 2015; aprendeu com as amigas. Os cortes nos tecidos e formatos das roupas foram ensinados por uma madrinha. Foi na máquina da mãe que surgiram as primeiras costuras. A moça de cabelo cacheado, sorriso largo e voz paciente morou um tempo na cidade e trabalhou numa fábrica de costura. “Foi onde aprendi a mexer nas industriais. Quando saí de lá, comprei uma máquina doméstica e depois uma overlock industrial”, explica.
Começou na costura para ter uma fonte de renda. “É como compro as minhas coisas”, ela conta que até achou que poderia buscar outra profissão, mas se apaixonou pela costura. Atualmente mora no sítio e a agenda de encomendas está sempre lotada porque é uma das poucas pessoas que costuram por lá. “Me acho um pouco lenta pra costurar, porque sou perfeccionista”, mesmo que na zona rural não tenha uma grande demanda, faz tudo com zelo e paciência para que as roupas fiquem perfeitas. Geralmente são peças para consertos ou ajustes; confeccionadas do zero somente em tempos de festas.
Heloisa nunca procurou saber se existe curso de corte e costura em cidades próximas como Fernando Pedroza ou Angicos. O tempo passou, as habilidades na costura foram aperfeiçoadas, mas a capacitação foi deixada de lado – o que não significa que ela não tenha vontade de buscar por uma. “Sim, ainda penso em fazer um curso no futuro”. E por que não faria? Heloisa é jovem e cheia de vontade de aprender. Não chegou nem aos 30 anos e possui mãos que podem levá-la a caminhos que deseja percorrer.
O SISTEMA FECOMÉRCIO ABRE PORTAS
O mundo da costura é cheio de detalhes – existem infinitos modelos têxteis, agulhas, linhas e máquinas que podem ajudar a confeccionar uma peça do jeito que preferir. Portanto, seja por hobby ou para se tornar um profissional, muitas vezes é necessário o aprofundamento nos estudos e descobrir os procedimentos adequados para conseguir a finalização de belos exemplares. Mas antes… Há um começo.
É uma segunda-feira e estou sentada num dos corredores do Senac, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. O Senac RN é especializado na oferta de cursos profissionalizantes em várias áreas – como Beleza, Tecnologia da Informação, Moda, Gastronomia, Comunicação, Saúde, Idiomas e muito mais. De acordo com o vice-presidente da Fecomércio RN, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Michelson Frota, “aqui na capital do Oeste, por exemplo, trabalhamos com pelo menos 350 formações diferentes e beneficiamos mais de 10 mil mossoroenses nos últimos cinco anos. Muitas dessas pessoas, inclusive, fazem parte do nosso programa de gratuidade – que democratiza o acesso à educação com bolsas de estudo”.
São 13h e aguardo o início da aula prática do curso de Costureiro que vai acontecer no Laboratório de Moda. A sala está fechada e me sinto ansiosa como se eu fosse, de fato, colocar a mão na massa, ou melhor, nos tecidos. Um dos funcionários me vê e explica que a aula começa apenas às 13h30 e me leva à sala dos professores. É quando conheço a instrutora do setor de Moda: Maria Helânia Silva Maia – ou simplesmente Helânia. Ela é pequena, usa óculos arredondados e o cabelo preso num rabo de cavalo. Tem 50 anos. Digo para o que vim e prontamente começamos a conversar antes do início da aula. Assim como muitas pessoas que costuram, começou acompanhando a mãe na infância, aos oito anos. “Eu sou bisneta de costureira, neta de costureira e filha de costureira. Numa casa de seis mulheres, fui a única que levei a costura adiante”, ela explica.
Entre aprendizagem e profissão, são 20 anos de percurso na carreira. No início, Helânia não queria aceitar o caminho que tinha escolhido, mas quando percebeu que poderia levar a costura como profissão, procurou qualificação e cursos de capacitação em modelagem para que pudesse agarrar o trabalho como uma fonte de renda.
“Comecei costurando, mas fui me identificando nessa área de ensinar. Dei cursos particulares, já trabalhei pela prefeitura nos CRAS [Centros de Referência de Assistência Social], em algumas associações…” e atualmente Helânia também trabalha como instrutora do Senac. “Tudo partiu do Senac para abertura da turma, até porque era uma demanda do mercado”.
O Laboratório de Moda no Senac Mossoró foi aberto em fevereiro de 2023. Neste ano, o espaço recebeu duas turmas de costura. De acordo com Manuela Oliveira, coordenara pedagógica do Senac, podem existir várias modalidades de curso para o laboratório com carga horária diversificada: de 15h, 20h, 40h e 200h, por exemplo. “Quando o laboratório estava sendo montado, o Senac ofertou o curso de modelagem. Os alunos também investiram no de costura com a perspectiva de retorno para empreender ou ter uma renda pessoal”, ela informa. A partir do curso de modelagem se descobriu que existe um público para a área que pretende se aprofundar na profissão.
O Senac trabalha com algumas modalidades. O PSG, que é o Programa Social de Gratuidade – dentro dele existe o Programa Aprendiz: jovens que são acaminhados para o primeiro emprego. As empresas contratam o Senac para fazer a qualificação profissional dessas pessoas. Ainda quanto ao PSG, existem os cursos de capacitação ofertados para a comunidade que são mais rápidos e que podem durar até três semanas. Outro é o Comercial e Corporativo – esta modalidade procura atender àquelas pessoas que buscam cursos específicos como informática ou gastronomia, por exemplo. Assim é criada uma turma e o curso é aberto para dar conta daquela demanda procurada por um determinado grupo de pessoas.
Segundo Michelson Frota, mais que oferecer uma grande variedade de cursos e atender nichos específicos, a Fecomércio RN se preocupa em formar profissionais de acordo com a realidade local. O Senac, por exemplo, acompanha de perto os negócios que movimentam a nossa economia. “Temos uma visão privilegiada do mercado potiguar e das necessidades de mão de obra que existem por aqui”.
O Senac Mossoró também possui um laboratório itinerante que pode ser levado para outras comunidades. No mês de setembro, o município de Baraúna recebeu o curso de uma semana sobre Técnicas de Costura para consertos e ajustes para que o pessoal pudesse ter o básico e começasse a trabalhar ou fazer para si. “O laboratório vai para qualquer lugar do estado desde que haja demanda. Os insumos são disponibilizados pelo Senac”, diz a coordenadora pedagógica. A instrutora Helânia ministrou as aulas para 15 mulheres. Segundo Manuela Oliveira, as alunas ficaram extremamente empolgadas. “O PSG foi pela prefeitura da cidade, através de um projeto chamado Qualifica Baraúna. Quando as prefeituras pensam em estratégias de qualificação, normalmente consultam algumas empresas e uma delas é o Senac”, Manuela ainda diz que ganha o município, as pessoas que participam dos cursos e a sociedade. “Você tá fazendo aquela comunidade gerar renda de alguma forma”, ela conclui.
Uma das primeiras turmas do Senac no Laboratório de Moda foi de Corte e Costura Básica, com uma carga horário de 80h. Atualmente, outro está em andamento: o de Costureiro. São 212h e começou no dia 21 de agosto com término previsto para 20 de novembro. As pessoas não precisam ter noção nenhuma da área, apenas a vontade de aprender. O curso de Corte e Costura inclui modelagem, o processo de corte nos tecidos e a montagem da peça. No curso de Costureiro, os alunos aprendem técnicas de empreendedorismo e são preparados para o mercado de trabalho, além da costura em si, desde o começo. Da gestão, parte técnica e prática do curso.
O Laboratório de Moda em Mossoró é uma sala ampla com uma grande mesa no centro para ajudar nos cortes dos moldes e tecidos. Contabilizo 17 máquinas de costura entre domésticas, overlocks, interlocks e galoneiras. O espaço é colorido com pinturas nas paredes e manequins que vão receber roupas ao longo dos dias. Por aqui, são 10 alunos que já conhecem o meio da costura ou que chegaram apenas pelo interesse em aprender algo novo. É um laboratório completo. As aulas começam de 13h30 e seguem até às 17h, de segunda a sexta-feira.
É no laboratório onde cada pessoa tem um objetivo diferente. Alice Félix Moreno é estudante da Faculdade de Design de Moda na Universidade Potiguar, em Mossoró, e tem 18 anos. A história da moça que acabou de ganhar a maioridade se mescla com a da família. “Minha bisavó, segundo meu pai, já costurava. Minha avó também costurava pro meu pai e os meus tios. Eu sempre gostei de brincar de costurar. Fazia de um jeito todo errado, mas eu gostava. Quando terminei o ensino médio, eu não sabia o que fazer”. Alice é natural do Rio de Janeiro e se mudou para Mossoró com a família no ano passado.
Em busca de aprofundar os conhecimentos na costura, procurou a Faculdade de Design de Moda na universidade. “Mas como lá não tem aula de costura, queria aprender, pois é muito necessário para a minha área. E logo agora que eu estou no início”. Alice tem um sonho: ter a própria marca de roupas. No momento, a meta é confeccionar as próprias peças e no futuro, quando encontrar pessoas para trabalhar, supervisionar a produção do que foi planejado.
Ela conta que já tinha ouvido falar sobre cursos de costura no Senac quando morava no Rio de Janeiro, mas não sabia que existiam em Mossoró. Fez o curso básico de Corte e Costura e atualmente está no de Costureiro. “Estou achando maravilhoso. Comentei com a professora que eu não sabia nada sobre costura. Agora sei ligar até uma máquina e tenho uma noção de costura”, Alice adora compartilhar a experiência com os colegas. “É maravilhoso! Todo mundo se ajuda”.
Passeio entre as alunas e observo olhos empolgados e curiosos. Sorrisos satisfeitos quando a instrutora auxilia. Existem pessoas de todas as idades. Dona Ambrozina Queiroz começou a costurar tem pouco tempo, aos 65 anos. No dia das mães ganhou uma máquina de costura dos filhos. Fazia apenas o básico, como costurar um botão ou um zíper e ajeitar uma bainha da calça. Aprendeu sozinha.
É uma senhora de sorriso fácil que chega aos olhos. Se diz a mãe de todos na sala por ter mais idade. Eu digo que ela está muito bem e em forma. À mesa, ela me mostra um vestidinho infantil cor de rosa que está produzindo, toda feliz. “Muita coisa de primeiro mundo. Fazer um vestido desse, que eu ainda não tinha praticado, e já notei que dá pra mim…”, ela diz, toda orgulhosa. Procurou o curso no Senac com o esposo e quando a turma foi aberta para inscrições, não deixou a oportunidade passar. Por enquanto, dona Ambrozina pretende costurar apenas para as pessoas de casa e para ela mesma. É uma forma de terapia. “Estou adorando!”, completa.
O tempo é relativo para todos, mas sempre existe o tempo certo para tudo. No caso de dona Augusta Queiroz, de 57 anos, a costura veio após a aposentadoria como professora. Era um sonho antigo que estava adormecido e ao conquistar a aposentadoria, procurou colocá-lo em prática. “Antes eu não tinha tempo. Agora tenho de sobra. Fui atrás de realizar meu sonho. Não para me profissionalizar, mas para fazer algo quando necessita em casa e não tem onde fazer”. Dona Augusta tem todo o material de costura em casa, inclusive a máquina que comprou assim que se aposentou. Recentemente comprou uma overlock para acabamento. Antes de começar o curso, tinha apenas a vontade de aprender e agora não para mais. “Me sinto realizada”.
Todo o material do curso é disponibilizado pelo Senac – das linhas aos tecidos. A instrutora repassa aos alunos como trabalhar, principalmente, com peças de alfaiataria como viscose, tricoline, popeline, oxford, oxfordine… E por aí vai. Confecções de roupas infantis e para adultos. E se engana quem pensa que a costura é unicamente direcionada a um gênero específico. Não mesmo.
Rafael Fernandes Bezerra, de 38 anos, é psicólogo por formação, mas trabalha na empresa de costura do pai no setor admistrativo. O empreendimento familiar tem mais de 50 anos em Mossoró. Decidiu aprender como toda a sistemática do maquinário funciona, além de como é um trabalho de costureiro. “Eu realmente procurei um curso de costura, mas não achei que fosse encontrar. Procurei e não achei. Fui na teimosia e encontrei este ano”, ele diz que são muitos pormenores e detalhes utilizados na costura. É preciso entender os pontos, as linhas e o funcionamento das máquinas. “Trabalhar com a administração sem ter noção disso é muito ruim para nós. Na primeira oportunidade que eu tive para aprender tudo isso, eu vim”.
E é provável que ao finalizar o curso, Rafael adquira uma máquina de costura. Ele conta que praticamente mora na empresa, então é como se tivesse as máquinas em casa. “Em algum momento a gente substitui as máquinas. Aproveito e pego uma das que a gente tem lá. Essas máquinas simples, como a doméstica da Singer. Substituo uma antiga por uma nova e levo pra casa”. Costurar para a família está nos planos.
O artesanato e a costura andam juntos. Estão ali lado a lado. Ludmila Firmino tem 40 anos e é artesã há oito. Inseriu a costura no trabalho tem quase quatro anos, para o público infantil. Ela diz que costureiras são raras, tanto que a procura é grande e às vezes nem consegue dar conta. Procurou o curso do Senac porque quer se aperfeiçoar ainda mais na profissão. “Tem muita coisa no mundo da costura que eu não sei. Quero deixar meu trabalho com um bom acabamento para agradar mais ainda aos meus clientes”.
Quando começou no artesanato, Ludmila produzia tiaras, laços para crianças e depois acrescentou à produção toalhas bordadas, panos de prato e inúmeras peças que envolvem artesanato. Focada na costura infantil, também trabalha na confecção de fantasias e roupas temáticas para aniversários. “Eu sempre vi minha avó costurar de tudo, sempre tive a vontade, apesar dela não ter me ensinado, mas eu aprendi por conta própria. Com o tempo a gente vai aprendendo em casa e assim eu fui adquirindo experiência”. Nas palavras de Ludmila, cheias de encanto, a profissão é algo maravilho e, principalmente, muito linda.
A coordenadora pedagógica do Senac, Manuela Oliveira, explica que dentro do módulo de qualificação profissional não se aprende apenas a costurar. É necessário pensar a costura como um negócio e estabelecer, a partir do curso, o que se quer para o futuro. Os instrutores de Gestão do Senac, que dão aula dentro do curso de Costureiro, fazem com que a turma trilhe caminhos e consiga alcançar os objetivos, até para quem quer costurar pra si mesmo ou trabalhar com causas sociais. “O Senac dá caminhos pra você. Um passo a passo. Ele dá possibilidades de enxergar esse trabalho para renda extra ou empreendedorismo. E é isso que o Senac faz através dos projetos integradores”, explica a coordenadora pedagógica.
O Projeto Integrador apresentado no final do curso retoma questões do financeiro e noções de mercado. O aluno elabora um projeto no qual precisa ver o resultado de todo o empreendimento até ali. O professor de Gestão e o setor pedagógico realizam a integração sobre as metas que podem ser alcançadas e aprentam às empresas da área.
Para facilitar a entrada no mercado de trabalho, existe o Senac Carreiras que conecta empresas que estão à procura de colaboradores e profissionais formados pelo Senac, além de promover treinamentos, consultorias e orientação profissional. “Atualmente, temos cerca de 600 empresas cadastradas. Em três anos, até agosto de 2023, elas nos demandaram por mais de 1.200 vezes e encaminhamos quase 2.600 alunos para entrevistas e contratações” ou seja, além de dar todo o conhecimento técnico necessário, ajuda aos alunos a conquistar a tão sonhada oportunidade de trabalho – é o que diz o vice-presidente da Fecomércio RN, Michelson Frota.
A instrutora Helânia me acompanha e me deixa à vontade no Laboratório de Moda para conversar com a turma. A sonoridade das máquinas traçando as linhas me faz lembrar da minha avó que nunca fez um curso de costura, mas que se tivesse a oportunidade quando mais jovem, com certeza teria o feito. Por ora, ela costura em seu quartinho e eu escuto da cozinha.
Quando questiono Helânia sobre o que a costura representa, ela responde que é vida. É terapia. Tudo! Para quem nasceu e se criou no meio “é amor”, ela me diz. “A gente transborda amor quando leva conhecimento pro aluno. A gente quer que esse aluno aprenda com qualidade. A gente planta uma sementinha e lá na frente vê os frutos sendo colhidos. É gratificante.”, ela conta que não tem preço e não tem dinheiro que pague.
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