Quem vai ao supermercado com frequência já sabe, os preços do leite e dos seus derivados estão cada vez mais caros. Em todo Brasil, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, o leite longa vida, que é vendido em caixinhas, acumula alta de 57,42% em 2022. Porém, esse aumento não reflete no bolso dos produtores. No Rio Grande do Norte, por exemplo, o aumento do litro de leite vendido pelos criadores foi em média de apenas R$ 0,20.
A produção do leite no campo já vem passando por dificuldades há algum tempo. Emax Marinho, tesoureiro da Associação dos Produtores de Leite de Apodi e Região Oeste, explica que o preço pago ao produtor no campo já estava defasado, e isso fez com que muitos pecuaristas desistissem de investir nos últimos dois anos.
“O leite ficou defasado por muito tempo e muita gente saiu do mercado, porque só estava empatando mesmo,” explica.
Essa debandada na produção fez com que o produto ofertado diminuísse, em contrapartida, a procura aumentou após o período de maior restrição provocada pela pandemia.
“Todo preço se regula pela lei da oferta e da procura. Com a volta da normalidade pós pandemia e o consumo aumentando, tendo pouca oferta de leite no mercado, gerou uma grande procura por leite” disse Emax.
Em 2022, o produtor potiguar passou a receber um pouco mais pelo litro do leite in natura, uma média de R$ 0,20. O próprio Emax até considera a fase boa, mas há também os produtores que não concordam tanto.
“É compensável para o produtor vender o litro de leite por, pelo menos, R$ 3,00. Por menos que isso não tem retorno. De R$ 2,50 para baixo é só prejuízo”, explica Tarcísio Medeiros, produtor de leite em Caico/RN.
Além da produção no campo, que determina a oferta do produto, outros fatores estão atrelados ao aumento do preço nos supermercados. O preço do diesel, por exemplo, acaba encarecendo o transporte. Outro fator, apontado pelos economistas, é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que afetou os custos devido à valorização das commodities. Além disso, o custo dos fertilizantes ficou mais caro, já que a Rússia é a maior produtora mundial de fertilizantes.,
Evolução de preços segundo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
O leite integral e a manteiga registraram aumento de preços em 17 cidades, entre maio e junho deste ano. Para o leite UHT, as maiores altas ocorreram em Belo Horizonte (23,09%), Porto Alegre (14,67%), Campo Grande (12,95%) e Rio de Janeiro (11,09%).
No caso da manteiga, destacam-se as elevações observadas em Campo Grande (5,69%), Belém (5,38%) e Recife (3,23%). Em 12 meses, todas as cidades apresentaram acréscimo de preço nos dois produtos.
Os preços do leite e derivados têm sido motivo de reclamações nas redes sociais
A solução
A médio prazo, os produtores acreditam que o cenário de melhora em relação aos preços dos laticínios só deve ocorrer com a chegada do período chuvoso de 2023. A esperança é que deve haver um aumento da produção no campo e consequentemente maior oferta do produto nos supermercados. Até lá, o consumidor segue se virando como pode e amargando altos preços.
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