Jornalista, fotógrafo, mas, primeiro de tudo, um “bodegueiro”. Nos tempos atuais, talvez, nem todos possam conhecer essa expressão que surge da “bodega”, uma tradição nordestina que resiste ao comércio moderno.
Mas diferente do conceito original, o dono desta bodega decidiu desafiar o espaço físico, com a coragem que faz um bom comerciante – e sonhador – alcançar grandes resultados. Assim, surgiu a trajetória do fotógrafo Léo Moura, o “Léo da Bodega”, que se apresenta aos seus clientes.
“Tudo começou no Ensino Médio. Comecei a vender pipoca, bala, o confeito, né? como chamam. E aí, meio que surgiu essa Bodega. Eu ia para a porta da escola vender ‘baganas’ para os alunos”, explica.
A atividade se tornou tão presente que, em um certo momento, passou a ocupar mais espaço na sua rotina. Ele conta que uma decisão tomada pela escola o obrigou a repensar o futuro.
“Eu desisti dos estudos e fiquei só na Bodega mesmo. Mas nunca houve um ponto físico. Era embaixo de um pé de árvore na saída da escola Aída Ramalho. Um dia, a diretora, por algum motivo, começou a fechar os portões. Talvez, pela violência, no intervalo os alunos não saíam mais. Acabou que não ficou mais viável pra mim. Depois disso, eu voltei a estudar, concluí meus estudos e entrei para a Faculdade de Jornalismo”.
LÉO DA BODEGA…E DA FOTOGRAFIA.
Foi a partir da universidade que a bodega fechou as portas, e abriu-se o horizonte da fotografia.
“Eu sempre soube que queria fazer Jornalismo, mas não tinha afinidade nenhuma com a fotografia. Até paguei disciplina de Fotojornalismo. Tive uma iniciação ali, mas não me apaixonei de primeira. Mas, ao fazer contato com professores, eu comecei a participar de alguns projetos que mudaram a minha visão. A gente rodava a cidade quando tinha espetáculos, Alto da Liberdade, Oratório Santa Luzia e Chuva de Bala. A partir daí, eu comecei a gostar”.
Em seguida, foi a vez do esporte preencher o espaço no álbum, novamente, através do incentivo da Uern e dos professores.
“Cheguei a participar de um concurso de fotografia com uma câmera emprestada por um professor. Em 2019, eu fui selecionado em um projeto da Uern para dar aulas de fotografia no CASE, que é o antigo SEDUC. Lá, a parte do esporte é muito presente na rotina dos jovens. Eu fazia os registros. Percebi que eu não era um fotógrafo de poses, de ensaio, eu gostava mais da ação”, enfatizou.
A PASSAGEM PELO FUTEBOL E O INÍCIO NA CORRIDA DE RUA
Léo conta que quando criança tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol, algo comum para muitos garotos. No entanto, a inserção no mercado da bola foi através da fotografia. Inicialmente, como estagiário no Baraúnas e, posteriormente, no Potiguar. Inclusive, foi no alvirrubro onde ele conseguiu construir laços de amizades que proporcionaram o primeiro contato com a corrida de rua.
“Sempre quis ser jogador de futebol, mas não tive muita aptidão pra coisa. O estágio no Baraúnas foi muito bom para mim. Depois, fui chamado para ser estagiário no Potiguar. Através do clube, eu consegui fazer amizade com Bambino e Saulo, proprietários de assessoria esportiva. Então, as portas foram se abrindo e eu sempre aproveitando essas oportunidades”.
“A resposta do mercado foi quase que imediata. Quando eu comecei com o serviço, a galera começou a apoiar muito. Toda vez que eu estava ali fotografando, as pessoas que não me conheciam encostavam ali e já me perguntavam o meu Instagram”.
Segundo ele, houve um episódio em que o seu equipamento foi furtado durante um evento em Recife. Após isso, a ‘turma da corrida’ arrecadou o valor necessário para a compra de um novo equipamento, como uma forma de expressar a amizade e parceria construída através do esporte.
“Eu só tenho que agradecer e a forma como eu posso fazer é a cada dia melhorar mais. Percebi que além de clientes, eu tinha amigos de verdade”, disse.
“Comecei a cobrir eventos e ver que existia essa demanda por aqui. As pessoas me agradeciam por estar junto delas registrando. Não era algo comum em Mossoró. Isso confirmou ainda mais que eu tinha que permanecer nesse caminho. Então, eu procurei me especializar mais para entender do esporte também. Hoje eu já consigo dizer que eu sou fotógrafo de corrida”, reforçou.
Neste ano, o mossoroense realizou o sonho de fotografar a Maratona do Rio ao lado de grandes profissionais, o que ele considerou o maior desafio da carreira.
“Lá no Rio, eu cobri a prova de 21 km e a prova de 42 km. Foram dois dias de muito trabalho, mas muito gratificante. Conhecer corredores que a gente já segue, fotógrafos também. As referências estavam do meu lado. Para mim, ter essa vivência é uma coisa muito gratificante.”, destacou.
Sobre metas, Léo Moura vislumbra voos ainda maiores na profissão. Afinal, a sua bodega nunca teve paredes.
“Eu pretendo ainda colocar a Maratona do Rio no meu calendário fixo. Mas eu também busco o sonho de entrar em outro país. No futebol, tenho o sonho de cobrir grandes jogos também. Quem sabe um dia fazer uma Copa do Mundo? Quem é jogador pretende jogar uma Copa, quem gosta de futebol pretende assistir uma Copa no estádio, e eu tenho esse sonho de um dia fotografar uma Copa do Mundo de perto.”, finalizou.
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