No meio do segundo tempo a bola vem do alto e sobra para o craque. Em fração de segundos, ele percebe a movimentação de zagueiros e dos atacantes. A bola é rolada com a força e a direção certa para encontrar um colega na cara do gol. Com muita calma, o atacante avança contra o goleiro e toca para o fundo das redes. Tudo com muita calma – coisa de jogador profissional.
Mas estes dois atletas têm apenas 16 anos. Nikolas Cauã e Kauã Gabriel fazem a dupla dinâmica da base do Potiguar de Mossoró. O time sub-17 acabou caindo nas semifinais do Campeonato Estadual da categoria nos pênaltis. Mas Kauã foi o artilheiro da competição. E Nikolas um dos líderes de assistência. Ambos acabaram se destacando tanto que foram titulares no Campeonato Potiguar Sub-20.
Futebol é super competitivo, mas um esporte coletivo, isso faz com que o relacionamento entre os atletas seja um fator determinante para o sucesso de uma equipe. Mas justamente este, é o ponto forte da turma do Potiguar de Mossoró.
Quando se pergunta para o artilheiro Kauã sobre o colega de time Nikolas a resposta é rápida: “Meu irmão para toda hora. Não só em campo, mas fora também”. E quando perguntamos sobre Kauã para o Nikolas, a resposta não foi muito diferente: “Eu conheci Kauã tinha 7 ou 8 anos, lá no Israel (projeto de futebol mossoroense). Brincamos por que sei até hoje como foi o primeiro gol dele na escolinha. Parecido com o gol que ele fez na semifinal do Estadual Sub-17. Eu fui até a linha de fundo cruzei e ele chega de peixinho, do jeito doido dele…”
A dupla se soma a uma base talentosa. O time tem muita expectativa para jogadores como os volantes Gabriel Pereira e Gadelha, o lateral esquerdo Maurício, e o atacante Paulinho.
O Começo…
Os dois atletas começaram muito novos na escolinha do Israel. O sonho dos dois sempre foi ser jogador de futebol mas com posturas diferentes dos pais. Nikolas nasceu em Porto Alegre quando o pai, Marcio Mossoró era craque do Internacional. Depois passou anos em Portugal acompanhando o pai na carreira europeia. “Meu pai sempre teve uma postura de não me pressionar. Jogo futebol por que amo, mas nunca ele me pressionou ou quis que eu jogasse futebol”.
Na casa de Kauã, a paixão pelo futebol era a mesma, e o sonho do pequeno em ser jogador de futebol era compartilhado pelo pai. Inclusive a morte do pai Leandro Holanda, que era músico em Mossoró, marcou a vida do atleta. Era o pai que levava Kauã para os treinos, e incentivava a não desistir jamais.
“Desde sempre na minha cabeça, o sonho foi ser jogador de futebol. Nunca pensei em outra coisa além disso! Hoje, eu me resumo como jogador de futebol, q tem bastante força de vontade para alcançar meus objetivos. Tenho muito orgulho de onde eu vim”, afirmou Kauã.
Adolescência e geração Neymar
Apesar da responsabilidade e de despertar interesse de muitos torcedores, os dois administram outra barra juntos: a adolescência. Kauã diz que apesar da responsabilidade há espaço para se divertir. “Futebol é o que eu mais gosto de fazer na minha vida! E eu vejo isso como uma diversão, mas com muita responsabilidade”. Antes dos jogos, Kauã é da turma que escuta Trap com letras motivacionais. “Matuê… Orochi… também gosto do MC Lipi”.
Na casa do amigo Nikolas, a rotina de escola, treinos e viagens para as partidas é a mesma. Eles deixam de fazer algumas coisas com os colegas de classe por causa do futebol mas isso não incomoda. No Spotify do Nikolas, as músicas trazem mensagens motivacionais não importa o estilo musical “Costumo escutar louvores, por ser cristão, e também gosto de Funk com letras que inspiram”. Os dois estão com 16 anos, e viveram a euforia do craque Neymar. “Ah eu já cheguei a ter até moicano igual ao Neymar. Eu gostava de assistir ele jogando em si”.
Futuro da Dupla
Depois de um ano considerado especial para os dois, a dupla pode se separar já nos próximos meses. É que o futebol é assim mesmo – com uma estrada tortuosa, principalmente para quem está começando.
Nikolas é agenciado pelo pai Márcio Mossoró – e agora está de olho nas oportunidades para jogar num mercado maior. “Tem que ter calma por que não podemos atrapalhar os estudos. Mas a expectativa é de realmente no próximo ano procurar oportunidades para ele fora de Mossoró. Mas vamos deixar as coisas acontecerem ainda”, explicou Márcio Mossoró.
Kauã foi artilheiro do sub-17 e chamou atenção de diversos times do país. As sondagens pelo futebol do atacante vêm de mercados como São Paulo e Minas Gerais. O jovem tem a carreira cuidada pelo empresário Lupércio Segundo, o mesmo de Gabriel Veron hoje no Clube do Porto de Portugal.
“A gente o vê com um potencial muito grande. Jovem… com a cabeça no lugar. Muito refinado. Muita gente interessou por ele, clubes grandes interessados… E estamos analisando. Mas em breve vai estar surgindo um clube grande”, afirmou Lupércio Segundo.
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