Ester Samara, Israel Esporte Clube; Ingrid Tainá, Impacto Clube; Bethy Lamark, Tubarão Futebol Clube. Elas fazem parte da nova geração de treinadoras mossoroenses e se juntam a nomes conhecidos como Suyane Miranda, do Scorpions Mossoró e Sayonara Oliveira, do Fênix. Mulheres que carregam em comum o amor pelo esporte e o desafio de quebrar barreiras, seja na grama, na quadra ou nos campos sintéticos.
Ester Samara é a mais jovem entre elas. Aos 21 anos, a estudante de Educação Física faz parte da escolinha do Israel, em Mossoró. Uma marca tradicional do esporte amador local, que apostou em Estar para iniciar o projeto de um time feminino.
Treinar é algo que está sendo a realização literalmente de um sonho, de poder passar para essas meninas aquilo que eu gosto e aquilo que eu já vivi. Para mim, estar no Israel e ser a primeira treinadora é uma conquista e também um desafio. (Ester Samara)
Assim como o Israel, o Tubarão FC é outro projeto voltado para o futebol feminino em Mossoró. O time é comandado por Bethy Lamark, uma fisioterapeuta que decidiu unir os dois ofícios em prol de um objetivo maior.
“Comecei a jogar o futsal no tempo de escola. Sempre participei de competições. Quando cheguei ao time, foi através de uma parceria na função de fisioterapeuta. Quando o antigo treinador saiu, recebi esse convite e assumi o time. Já estou há um pouco mais de dois anos como treinadora do Tubarão”, destacou.
E o trabalho tem gerado frutos. Em junho, Bethy Lamark conquistou, junto com a equipe feminina do Tubarão, o título da 3ª edição da Copa Rosa, disputada no município de Cajazeiras, no Ceará. Foi a segunda participação das mossoroenses na competição. O próximo desafio do Tubarão será em águas mais profundas. A equipe realizou uma parceria com a Associação Ipanguaçuense e vai disputar a 1ª fase do Campeonato Estadual Feminino.
Já Ingrid Tainá é a única entre elas que não trabalha diretamente com o esporte feminino. A profissional comanda atualmente a categoria masculina sub-09 do Impacto Clube, além de atuar como auxiliar técnica do sub-10 ao sub-12. Um avanço frente aos obstáculos do esporte, sobretudo, o preconceito que ainda persiste.
“Por mais que a mulher esteja em uma crescente de realmente conquistar seu espaço onde ela desejar, na teoria é um discurso muito bonito, mas, na prática, sabemos que não é bem assim. As pessoas muitas vezes ficam surpresas de ver uma mulher no comando da equipe, seja no treino ou em um jogo. Tento sempre fazer meu trabalho muito bem feito, mostrando os resultados dentro de campo, para que não haja espaço para dúvidas e preconceitos.”
“O Impacto veio por meio de um convite que Genildo Filho me fez. Eu já trabalhava em outras escolinhas, e ele me conheceu nesse meio. A primeira oportunidade de acompanhar o Impacto surgiu quando eu ainda não estava dentro do clube; recebi o convite para ir com eles às finais do campeonato estadual de futsal. Foi uma experiência muito marcante para mim, pois tive a oportunidade de vivenciar uma competição a nível estadual. Em fevereiro deste ano, comecei a trabalhar de fato no Impacto. O desafio é diário, e acho que essa transição para trabalhar em um clube traz uma grande responsabilidade, pois a cobrança por resultados positivos é muito grande. Tento lidar com esses desafios da melhor maneira possível, sempre dando o meu melhor nos treinos para que, na hora em que os meninos estiverem em campo, possam realizar um bom jogo e sair com um resultado positivo.”
Sob o comando de Tainá, o Impacto Clube comemorou o título da Fla Cup, ao derrotar a Escolinha Tigre por 2 a 0 na grande decisão, realizada no Sesc Mossoró, em 3 de agosto.
A conquista veio logo após a participação do time na Taça Brasil de Fut7, onde foi um dos semifinalistas da competição.
“Meu objetivo no Impacto é ter cada vez mais oportunidades de disputar grandes competições e fazer com que nossa equipe seja conhecida pelo bom trabalho que desenvolvemos com os nossos atletas.”, destacou Tainá.
O crescimento na presença da mulher no esporte mossoroense é fruto de muito trabalho e que teve a contribuição de outras treinadoras ao longo dos anos. Entre elas, Suyane Olga e Sayonara Oliveira.
“É uma longa história. Eu e Sayonara jogávamos juntas na adolescência no CES, do professor Hideraldo. Depois, surgiu a ideia de fundar o Atlético Mossoroense, que se transformou no Fênix”, explicou Suyane.
Atualmente, Suyane está a frente de outro time feminino, o Scorpions Mossoró, fundado por ela em 2022.
Suyane Olga, técnica do Scorpions (a primeira em pé, do lado direito, de camisa preta). Foto: reprodução
Já o Fênix segue na ativa sob o comando de Sayonara Oliveira. Inclusive, a equipe mossoroense é a atual campeã estadual de futsal feminino, fruto de uma parceria com o Potiguar de Mossoró, em 2023.
Sayonara Oliveira, técnica do Fênix. Foto: reprodução
Os resultados e as oportunidades evidenciam o que muitos ainda não querem enxergar. Afinal, mesmo com o preconceito estrutural dentro e fora do esporte, as mulheres chegaram para ficar.
“Acredito que, no cenário atual, estamos conseguindo obter cada vez mais espaço, tanto como atletas quanto como treinadoras. No entanto, infelizmente, ainda há muita invalidação do nosso papel no esporte. Muitas pessoas ainda acham que a mulher deve estar à sombra de um homem. Mas acredito que, com a educação dos nossos jovens, poderemos mudar esses pensamentos de forma positiva.”, reforçou, Tainá.
Você precisa fazer login para comentar.