Hémerson Luís tem apenas 17 anos, cresceu na zona rural Apodi/RN e tem um talento que chama a atenção. Ele é um repentista. A sua arte é fazer poemas de improviso, em forma de repente, acompanhado do som de uma viola. A paixão pela arte veio da família e hoje, nas poucas apresentações públicas que realizou, já despertou a atenção de poetas que já estão há muito tempo na estrada.
Sítio Marreco, zona rural de Apodi/RN, 6h da manhã. O canto do galo se mistura a outro som, são os pais de Hémerson ouvindo rádio. No aparelho, as músicas preferidas são as de cantoria de viloa.
“Meu pai sempre gostou muito de ouvir cantoria através do rádio e eu desde cedo tive esse contanto de ouvir a cantoria pelo rádio”, explicou.
Hémerson é filho de seu Damião e dona Antônia Leide, um casal de agricultores. Recentemente, o jovem fez apresentações que despertaram o interesse do público. No dia 13 de agosto, fez uma participação com Hipólito Moura, repentista com carreira consolidada. A arte do jovem surpreendeu o mais experiente.
“Primeiro ele cantou uma canção e eu fiquei perto ouvindo, ele tem a voz bonita, é muito afinado e toca muito, o que não é muito comum, poucos conseguem tocar muito e ele toca. (…) depois fomos cantar uns dez minutos de improviso. Eu fiquei abismado com a desenvoltura dele,” disse Hipólito ao TCM Notícia.
O jovem diz que pretende seguir carreira na cantoria, mas sabe que tem um longo caminho pela frente. Sabe que precisa dividir bem o seu tempo para poder cantar e estudar. Pretende concluir o ensino médio e fazer faculdade.
“Eu tenho ciência que a minha maior dificuldade, e creio que de vários cantadores, é ter conteúdo para cantar. A cantoria exige muito conhecimento e isso é uma coisa que a gente não ganha de uma hora para outra. Tem que estudar muito para poder ser um cantador que chega o mais próximo possível da perfeição”, completou.
A cantoria é uma tradição na região nordestina do Brasil e faz parte da cultura popular do país. Os novos nomes, e as novas promessas, animam quem já está na estrada há algum tempo. É a certeza de que a tradição permanecerá viva por mais uma geração.
“Achei nele um poeta muito bom. Está começando com bastante futuro, foi um dos que eu mais vi futuro, desse pessoal da geração dele. E, fiquei satisfeito porque sei que está chegando gente nova na cantoria. A cantoria não morre”, concluiu Hipólito.
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