Manassés Alves de Menezes, 36 anos, sofreu um acidente de moto no dia 24 de julho, na estrada que dá acesso a Barragem de Santa Cruz em Apodi/RN. Com o acidente ele saiu da pista, mas ficou consciente e como tinha celular pediu socorro. Por saber que na localidade não pegava sinal para ligação, Manassés mandou uma mensagem numa rede social para esposa, mas como os dados móveis também estavam indisponíveis, a mensagem não chegou.
Com ferimentos graves e sem conseguir socorro, ele veio a óbito no local. Só foi encontrado no dia seguinte já sem vida. A família só soube que Manassés pediu socorro quando recebeu os pertences da vítima. Quando o celular dele chegou em casa a mensagem foi enviada para o celular da esposa.
Para Raimunda Neta, irmã da vítima, se houvesse sinal na área, Manassés teria tido mais chances de sobreviver ao acidente. “Eu tenho certeza que ele teria ligado para gente, e a gente poderia ter feito alguma coisa, de ter ido até onde ele estava, de ter resgatado ele, mesmo se ele não sobrevivesse, mas a gente teria feito alguma coisa por ele”, lamenta Raimunda Neta.
Sem internet e nem sinal telefonia
Assim como a família de Manassés os demais moradores do distrito de Melancias, zona rural de Apodi/RN, enfrentam um desafio diário para se comunicar. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 71% da população de Apodi em junho deste tem acesso a telefonia. São 26.100 acessos a telefonia móvel e 24.500 pessoas tem banda larga.
Apesar de existir uma torre de operadora de celulares, o sinal não chega na localidade, e a população não consegue realizar ligações pelos smartphones e nem acessar a internet através dos dados móveis. Na região, quem não tem rede Wifi em casa, acaba ficando incomunicável.
Apesar de já não fazer parte de muitas casas brasileiras, lá em Melancias, os telefones fixos ainda são usados por muitos moradores. Mesmo quem tem celular e usa a internet, quando quer fazer uma ligação, prefere recorrer ao aparelho mais antigo. “A ligação pela internet não é muito boa, às vezes a pessoa não consegue nem falar. Nosso problema aqui é esse, quem tem celular aqui, se não tiver uma antena, não pega”.
Atividades simples do cotidiano como pedir um delivery de água ou gás, por exemplo, ficam difíceis de serem feitas pelo celular, assim como pedir ajuda quando há uma emergência. “Em relação a ligação pro SAMU, que a gente precisou em um caso, a nossa sorte foi que a nossa casa tem uma antena com um telefone daqueles mais antigos, que é o que segura, e a gente conseguiu ligar pro SAMU. Porque se fosse esperar por ter sinal, não tinha”, conta a professora Iraciana Morais.
O Jornalismo TCM entrou em contato com assessoria do Ministério das Comunicação mas até o momento não tivemos retorno.
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