O Bombeiro Militar, Jorimar Gomes, foi o único do estado do Rio Grande do Norte habilitado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para atuar nas operações de ajuda e resgate no Rio Grande do Sul. Houve uma convocação e apenas ele passou no RN. Jorimar atua na Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil do Rio Grande do Norte e faz parte do Grupo de Apoio a Desastres (Gade) da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec). O grupo funciona como uma força nacional da Defesa Civil e conta com Bombeiros Militares e servidores da Sedec.
A missão é executar os processos de reconhecimento federal e de ajuda humanitária e reestabelecimento das vias de acesso das cidades. O grupo do qual Jorimar faz parte é responsável por fazer os planos de trabalho para que os recursos cheguem o mais rápido possível, com o apoio da Defesa Civil Estadual, aos municípios mais afetados.
Bombeiro desde 2007, Jorimar foi para Porto Alegre/RS, capital do estado gaúcho, no dia 2 de maio. Ele permaneceu lá até o domingo (5), já que não havia como se locomover, pois a capital, assim como outros municípios, estava isolado, graças às estradas danificadas ou inundadas. Pelo céu também não era possível locomoção, pois as aeronaves estavam sendo utilizadas para resgates. Dia 5, ele foi enviado para Santa Maria, região central do estado, para dar apoio e coordenar uma equipe nos municípios circunvizinhos.
Santa Maria tem mais de 300 mil habitantes e ficou com as estradas danificadas. Lá, a equipe já levantou o plano de trabalho, a solicitação de reconhecimento federal para que o município receba o mais breve possível recursos para reestabelecer suas pontes. Houve também reuniões por videoconferência com as cidades do entorno, já que o acesso a elas não está sendo possível.
A situação está difícil até para enviar ajuda. Uma viagem que seria em torno de 80km, eles estão precisando percorrer por desvios por volta de 300km.
Atualmente, Jorimar está liderando uma equipe em Santa Maria, junto com colegas do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e mais dois colegas de Brasília. Eles estão se dirigindo aos municípios mais próximos, como Julio de Castilho e Itaara. Nos municípios acessíveis de carro, estão se reunindo com as coordenações municipais e engenheiros locais para agilizar os processos de solicitação de recursos. O objetivo é garantir que o financiamento necessário seja disponibilizado para restaurar pontes, lidar com a erosão das estradas e fornecer ajuda humanitária, como distribuição de cestas básicas.
A previsão é de que permaneçam na região até quinta-feira (9) e, em seguida, sejam deslocados para outra área. Um grupo já foi enviado para Cachoeira do Sul/RS, a 300 km de distância, e outra para Limoeiro/RS, para prestar suporte. Além disso, foi solicitado ao governo estadual que os municípios vizinhos se desloquem para essas cidades a fim de receberem apoio, visando otimizar o tempo e os recursos disponíveis.
O Bombeiro Militar não tem previsão de retorno para Natal/RN, sua cidade de origem. Ainda tem gente que precisa ser removida de lugares onde o bombeiro é essencial.
Diante do quadro de catástrofe, Jorimar fala sobre a situação dos hospitais no momento do aumento das águas: “O cenário que mais me chocou aqui foi com relação à população que está em hospitais e teve que ser evacuada imediatamente porque a água do rio chegou muito rápido.”
As histórias que mais chocam o Bombeiro são aquelas com pessoas mais humildes que vivem em áreas de morro, áreas de risco, à beira de rios, que tem sua habitação debilitada de forma estrutural, que não tem muitos recursos e ainda tiveram seus bens levados pela correnteza. “Os governantes precisam trabalhar e entender que não é mais possível autorizar pessoas a morarem em áreas de risco, tem que ter um trabalho de vigilância dos órgãos municipais, do Estado, para que as áreas sejam evacuadas e as pessoas possam morar em áreas seguras.”, pontua Jorimar.
Sensibilizado com a situação atual do Rio Grande do Sul, o bombeiro faz um apelo para que situações como essa não voltem a acontecer ou sejam evitadas. “Como potiguar, e presenciando o que estou vendo aqui, faço um apelo aos governantes, principalmente à nossa bancada federal, que observe melhor as ações de proteção civil, que as gestões municipais, os prefeitos que estão na ponta, que recebem todo o impacto de um desastre desses, que comecem a investir nos órgãos de Defesa Civil, que deem uma atenção maior a esses servidores e servidoras que estão no dia a dia fazendo estudo, mitigação, prevenção, dando resposta a esse desastre e mostrando que não é possível mais que a população more em áreas de risco. A gente tem que ter um plano diretor nos municípios, um gerenciamento maior desses eventos.”, completou.
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